Ao falar de refugiados no contexto actual, sinto que devo primeiro mencionar a situação que os criou: a guerra e o terrorismo. Usando a terminologia do material disponibilizado neste módulo e no MOOC, acho que posso dizer que esta é uma situação de crise, um evento para o qual estas pessoas não estavam preparadas e a que agora se devem ajustar. Esta é a única razão porque precisam de auxílio e de uma intervenção da nossa... foram desapropriadas da sua vida por motivos de força maior com os quais não têm nada a ver. Caso contrário, seriam apenas pessoas "como nós", metidas com as suas vidas, as suas famílias, e os seus problemazitos.
Infelizmente, agora precisam de pedir asilo a países como Portugal. E é importante que estes países estejam dispostos a criar instrumentos sociais e comunitários para facilitar o ajudar estes refugiados. Vamos então ao exemplo italiano...
Os modelos de intervenção social que eu acho que se aplicariam à situação descrita na reportagem sobre o Sul italiano, no geral, são:
- Modelo da Resolução de Problemas - dar ferramentas que promovam a resiliência, inteligência emocional, adaptabilidade, etc.
- Modelo da Intervenção em Crise - apoio à adaptação e aceitação da nova realidade, reestabelecendo o funcionamento social
- Modelo Centrado na Tarefa - resolução de questões de ordem burocrática, por exemplo
- E, claro, o Modelo a Organização Comunitária - uma abordagem concertada em várias frentes, a nível de actores locais, elaboração de planos de acção para melhoria dos serviços de apoio técnico, reorganização institucional...
Todos eles podem também ser aplicados a qualquer situação de inclusão de populações em desvantagem.
A implementação de qualquer um deste modelos requer um pré-diagnóstico e diagnóstico prévios à forças e fraquezas do sistema de acolhimento. Penso que é este diagnóstico que permite a implementação do Modelo de Organização Comunitária a priori - ainda que as suas acções devam ser sentidas durante todo o processo, em ajustes sucessivos às necessidades - e a decisão acerca de qual modelo implementar, dos outros mencionados, e em que situação específica. As dimensões visadas devem ser variadas como Saúde, Educação, Inserção Profissional, Inclusão Digital, Inclusão na Linguagem, Segurança Social, e no Acolhimento Físico.
De regresso ao exemplo de Itália, podemos ver estas acções em prática em iniciativas como a Família Amiga para o acolhimento e no CARA de Mineo, no apoio multi-disciplinar que dão aos refugiados que lhe lá chegam. O primeiro rapaz estava precisamente a aprender Italiano aquando da entrevista.
Em jeito de adenda... Se transferirmos estes conceitos para a Metodologia AFIR, temos o diagnóstico em 'ANTECIPAR E AVALIAR', a aplicação do Modelo de Organização Comunitária entre 'FOMENTAR E FORMAR' e 'IMPLICAR E INTERVIR'; os restantes modelos localizados algures em 'IMPLICAR E INTERVIR'. Por fim, penso que cursos como o que estamos a fazer presentemente podem estar incluídos em 'ROBUSTECER E DIVULGAR', a par de relatórios e iniciativas de sensibilização, ou em 'FOMENTAR E FORMAR'.
E falando em cursos como este MOOC, faço a ponte para a questão 'e se fosse o meu país a recebê-los', numa perspectiva menos académica...
Preocupa-me, pelas várias razões que expus em actividades passadas, que não sejamos capazes de implementar sistemas para receber pessoas que vêm traumatizadas e desfavorecidas - mal conseguimos gerir as nossas próprias burocracias, quando mais estas. Por outro lado, há cursos como este, e toda uma equipa de Assistentes Sociais, alguns recém-licenciados, jovens e motivados, e Portugal é um país hospitaleiro. À semelhança dos Italianos, não acredito que quem interagisse com os refugiados fosse capaz de lhes negar as boas-vindas.
- Daniela
PS. As minhas desculpas por quaisquer gralhas que me tenham passado e pelo tamanho desta intervenção.
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