Quotidiano: Idade Média Grupos sociais - Funções «Deus quis que o mundo se mantivesse por três estados: Oradores - os que rezam pelo povo; Defensores - os que o hão-de defender; Mantenedores - os que lavram a terra pela qual os homens hão-de viver e se manter.» Ordenações Afonsinas (adaptado) Outras Informações Dicionário: Clero Nobreza Povo Imagens: IM-Clero: Monges Franciscanos IM-Nobreza: Torneio IM-Povo: Ceifeiros IM-Grupos Sociais Nobreza - Função «Correr em cavalo bem arreado, jogar a lança nos terreiros, andar com armas, entrar em torneios, esgrimir, caçar veados, ursos, javalis, e outros exercícios semelhantes, pertencem ao ofício de cavaleiro, pois com tudo isto se acostumam a feitos de armas.» Livro da Ordem de Cavalaria (adaptado) Outras Informações Dicionário: Cavaleiro Nobreza Imagens: IM-Nobreza: Caça IM-Nobreza: Torneio Povo - Obrigações (pagamento de impostos) "A maioria dos camponeses cultivava terra que não lhe pertencia, pagando foro ou renda ao seu senhor, quer ele fosse o rei, um nobre ou a Igreja. No caso de as terras lhe pertencerem, tinha de pagar imposto ao rei, embora inferior. (...) Foros e outros tributos pagavam-se ao ano, em dia estabelecido pelo contrato. Pela Páscoa, pelo S. João Baptista, por Santa Maria de Agosto, por S. Miguel de Setembro, pelo Natal, o camponês dirigia-se à casa do mordomo (funcionário que recebia os impostos) e entregava-lhe os capões, os ovos, o trigo, o vinho ou o azeite conforme a tradição ou a quantidade estabelecido no contrato. (...) É claro que muitas vezes o foro havia de ser inferior ao devido. Mas existia sempre o «controle» de vizinhos e dos próprios mordomos, que sabiam muito bem qual fora a extensão das searas, a colheita da fruta e o número de pipas de azeite ou de vinho. (...) Não se mostravam raros os pagamentos em moeda e foram aumentando com o progresso dos séculos. (...) Outras vezes dava-se a alternativa ao camponês: ou pagava em géneros ou em dinheiro, conforme lhe conviesse. (...) Além dos foros era também obrigado a dar um, dois, às vezes três dias da semana em trabalho fora da própria terra, para prestar serviço ao senhor ou ao rei (...) ficando então os trabalhos do campo em boa parte a cargo das mulheres e dos velhos." (adaptado) Outras Informações Dicionário: Clero Nobreza Povo Mordomo Imagens: IM-Povo: Ceifeiros IM-Cobrador de Impostos Bibliografia: MARQUES, O. A Sociedade Medieval Portuguesa. Corte - Vida na Corte de D. Dinis "Dinis e Isabel, sobre o estrado coberto de colorido tapete mourisco e alteado cerca de palmo e meio sobre o pavimento, presidiam ao sarau, sentados em solenes cadeiras de espaldar (...) tendo ao lado o príncipe sisudo e curioso e a infanta de Castela, sua noiva. Talhado pelo alfaiate real, esplendia o manto de el-rei de escarlate vermelha de Inglaterra, debruado a ouro e prata de gola emplumada de penas de aves e forrado a pele de arminho. A figura da rainha impunha-se pela sua majestade. A cabeça resplandecia com os seus cabelos loiros envolvidos em doirada coifa de rede sobre a qual assentava a coroa (...) cravejada de esmeraldas. O manto de escarlate amarela, cor reservada às damas de alta linhagem, preso sobre o ombro com um rico medalhão punha a descoberto a veste de brocado branco bordada a ouro (...). Os serviçais de copa ofereciam água às mãos que lançavam de jarros com água de rosas sobre bacias de prata. Nas compridas mesas, (...) grandes escudelas (tigelas) e talhadores (travessas) abarrotavam de vitualhas: capões, pavões, perdizes, carneiros, cabritos, javalis cortados em largos nacos (...), empadas recheadas de variada caça... e entre outras iguarias belas talhadas de baleia de Atouguia (...). Para sobremesa, variadas frutas frescas e secas queijos, tigeladas, marmeladas e demais doçarias de mel e até algumas feitas com açúcar de Alexandria (...) que no tempo custava 50 vezes mais que o mel. Bojudos vasos transbordavam de vinho e hidromel. Os jograis enchiam a sala. Alguns havia que traziam consigo soldadeiras mouriscas e bailadeiras que dançavam de braços erguidos acompanhando a música com passos de bailado, requebros de corpo e serpentear de braços. A seguir vinham os bobos fazendo magias, palhaçadas acrobáticas e bobices... Porém, a parte mais nobre do sarau era aquela em que se cantavam e diziam as canções dos trovadores ao som dos instrumentos de corda tangidos com o arco, dedilhados à mão ou elegantemente vibrados com longas penas de aves." Américo Cortez Pinto, Dionísios, Poeta e Rei (adaptado) Outras Informações Dicionário: Bobo Trovador Jogral Linhagem Imagens: IM-Nobreza: Música IM-Jograis IM-Um sarau na corte de D. Dinis Clero Regular - A vida no convento "Bom dia. Vem daí! Vou convidar-te para uma visita à minha casa, o Convento. Queres saber como passo os meus dias? Então vou contar-te. Levanto-me muito cedo, tal como os meus irmãos. Já percebeste que sou frade e por isso a minha principal ocupação é rezar, de manhã, de tarde e à noite. A Ordem de S. Francisco a que pertenço é pobre, não tem bens e vive de esmolas, por isso as nossas roupas são simples e grosseiras. Eu visto um hábito de pano grosso e castanho chamado burel que me chega até aos pés. Por falar em pés, vê lá que ando descalço, e só em casos especiais me dão sandálias. Cosido ao hábito, tenho também um capuz, chamado capeio, para cobrir a cabeça. E quando o Inverno chega, deixam-me usar um manto ou uma túnica. Quando rompo qualquer peça de roupa tenho eu próprio de a remendar com tecido de saca. Prendo o meu hábito com um cinto de corda grossa. Olha bem para ele. Tem três nós, que significam três votos, três promessas que fiz e que são: - pobreza; - obediência; - castidade. Tenho pois de ser pobre, obediente e puro. E não penses que tenho um guarda-fato cheio de roupas. Só me dão dois hábitos que mudo de três em três dias. Enquanto visto um, lavo o outro. Durmo num quarto chamado cela. A cama é uma esteira ou cortiça no chão e cubro-me com uma manta. Nós, no convento, falamos sempre baixo e há sítios onde não podemos dizer uma palavra. Olha, por exemplo, no refeitório comemos em silêncio enquanto ouvimos um irmão ler os textos sagrados. E agora vou contar-te um segredo, uma coisa que tu não deves saber. Eu e os meus irmãos comemos os alimentos com as mãos e apenas com a ajuda do pão. É assim que comem as pessoas da minha época. Há dias em que fazemos jejum mas noutros comemos belas vitelas assadas, perus e leitões. Hum, tão bom! E sabes que mais? Nós rezamos e estudamos mas nos tempos livres jogamos com uma bola e a uns jogos que se chamam «arco» e «laranjinha» em campos aqui mesmo ao lado do convento." Serviços Educativos do Convento de Mafra (adaptado) Outras Informações Dicionário: Clero regular Mosteiro Ordem religiosa Imagens: IM-Clero: Monges Franciscanos Um mosteiro no século XIII Nobreza - Função "O ofício de cavaleiro é manter e defender o seu senhor terrenal, pois nem rei, nem príncipe, nem alto barão poderão, sem ajuda, manter a justiça entre os seus vassalos. Por isto, se o povo ou algum homem se opõe aos mandamentos do rei ou príncipe, devem os seus cavaleiros ajudar o seu senhor." Ramon Lull, "Libro de la Orden de Caballaria" (adaptado) Outras Informações Dicionário: Cavaleiro Nobreza Vassalagem Imagens: Um nobre a ser armado cavaleiro Nobreza - Função "Não é bastante para a grande honra que pertence ao cavaleiro a sua escolha, o cavalo, as armas e o senhorio, mas é mister que tenha escudeiro e troteiro que o sirvam e cuidem dos seus cavalos; (...) correr em cavalo bem guarnecido, jogar a lança nas liças, andar com armas, [entrar em] torneios, esgrimir, caçar cervos, ursos, javalis e outros exercícios semelhantes, pertence ao ofício de cavaleiro, pois com tudo isto se acostuma a feitos de armas e a manter a ordem da cavalaria." Ramon Lull, "Libro de la Orden de Caballaria" (adaptado) Outras Informações Dicionário: Cavaleiro Escudeiro Liça Nobreza Torneios Imagens: IM-Nobreza: Caça IM-Nobreza: Torneio Atividades Económicas «Portugal vivia principalmente da agricultura: cereais, vinho e azeite constituíam a trilogia do lavrador português. Mas tanto o azeite como o trigo não chegavam, em regra, para alimentar a população. Nas zonas litorais, a pesca e o sal desempenhavam lugar de relevo tanto na alimentação comum como na prática do comércio. No Algarve, a atividade mais lucrativa era a da venda de fruta - figos, uvas e amêndoas. Indústria não existia. O próprio artesanato era reduzido e confinado às necessidades de consumo: fabricavam-se artigos de vestuário, calçado, objetos de ferro, madeira e barro, alfaias domésticas e agrícolas, e pouco mais.» Outras Informações Dicionário: Atividade económica Agricultura Imagens: IM-Povo: Ceifeiros IM-Povo: Tanoeiros A Pesca Bibliografia: MARQUES, O. A Sociedade Medieval Portuguesa. Ensino e Cultura - Escolas «Existiam escolas nas igrejas catedrais portuguesas, pelo menos desde o séc. XI. Além destas escolas episcopais existiam ainda salas de aula em muitos mosteiros, como, por exemplo, nos de Alcobaça e Santa Cruz de Coimbra, entre os mais famosos. Em ambos os tipos de escolas, as matérias ensinadas mostravam-se muito semelhantes; Gramática (isto é, ler e escrever latim), Dialética e, evidentemente, tudo o que se relacionasse com a fé e a liturgia». (adaptado) Outras Informações Dicionário: Mosteiro Imagens: IM-Clero: Ensino Bibliografia: MARQUES, O. História de Portugal. Divertimentos «Própria da nobreza se mostrava a grande maioria das distrações tipicamente medievais, como os torneios ou os saraus onde se trovava e cantava. Na prática, o alto clero aderia aos divertimentos da nobreza, como o baixo clero participava dos do povo. Alguns divertimentos podiam ser pelo menos observados também pelo povo: por exemplo, as touradas (de origem grega e romana, filiando-se nos sacrifícios de touros nos circos), os momos (máscaras e disfarces que se envergavam para fazer rir ou para impressionar o público, estes disfarces eram acompanhados de gesticulações expressivas), e até as justas (combates entre dois cavaleiros armados de espada ou de lança) e torneios (contendas múltiplas). Noutros admitiam-se todos os membros da sociedade medieval. Era o caso das romarias, das procissões e de certos banquetes oferecidos pelo rei em momentos de grande alegria. Ao longo do ano escalonavam-se algumas dezenas de dias santos e de festas tradicionais a santos padroeiros. Eram motivos de procissões, de cantos e de danças, mais profanos do que religiosos. Não variavam muito dos de hoje os divertimentos costumados em tais festividades. Cerimónias religiosas (especialmente procissões), mercado ou feira, repicar de sinos, baile e cantaria, refeições coletivas, emprestavam o colorido típico habitual.» (adaptado) Outras Informações Dicionário: Clero Clero secular Nobreza Torneios Trovador Imagens: Cena de convívio IM-Nobreza: Jogos IM-Nobreza: Torneio IM-Povo: Danças IM-Um sarau na corte de D. Dinis IM-Festa popular IM-Divertimentos nas Feiras e Romarias Bibliografia: MARQUES, O. A Sociedade Medieval Portuguesa. Atividades Económicas - Comércio Externo «A costa ocidental da Península Ibérica passou, no século XIII, a contactar com a maior parte dos mercados da Europa do Ocidente. Pelos fins deste século, havia portugueses firmemente estabelecidos por toda a Europa. As exportações portuguesas para a Europa Ocidental consistiam em frutas (figos e passas), sal, vinho, azeite e mel, cera, cortiça e grã (matéria-prima para tinta), couros e peles. De Inglaterra, da Flandres e da França, Portugal recebia sobretudo têxteis. Outros produtos importados eram madeira, tintas e cavalos. Outra área de tráfico internacional português situava-se na Espanha e no Mediterrâneo. Portugal podia oferecer um pouco de peixe seco, mel, cera, couros, peles, lã e algum sal também. Em troca, recebia especiarias, açúcar, têxteis de seda e de lã, armas, cereais e toda a espécie de artigos domésticos e de luxo.» (adaptado) Outras Informações Dicionário: Comércio externo Especiarias Exportação Importação Mercador Tráfico Flandres Imagens: IM-Mercador em Bruges Bibliografia: MARQUES, O. História de Portugal. Clero - Divertimentos "(...) Ponhamos de parte, nem que seja em teoria, o clero: estavam-lhe interditas ocupações mundanas que o afastassem dos deveres para com Deus. Na prática, o alto clero aderia aos divertimentos da nobreza, como o baixo clero participava dos do povo. Havia é certo formas de distração tipicamente eclesiásticas, como os «mistérios» religiosos e o canto de igreja, onde aliás os fiéis tomavam também parte ativa." Outras Informações Dicionário: Clero Clero secular Bibliografia: MARQUES, O. A Sociedade Medieval Portuguesa. Povo - Vestuário "(...) Claro que as amplas e compridas vestes com que se adornava o fidalgo não eram práticas para os trabalhos campestres ou artesanais. Custavam, além disso, muito dinheiro ou o seu equivalente. O traje do rústico ou do mesteiral havia, portanto, de [ser diferente] do nobre. (...) O colono e o servo vestiam por isso um saio que descia até meio da perna e se podia ainda arregaçar na cintura quando fosse preciso. O saio era provido de mangas compridas e justas, e pouco decotado no pescoço. Protegiam as pernas com meias ou calças separadas, subindo até às ancas. Calçavam sapatos ou uma espécie de sandálias de correias, as abarcas. Na cabeça, punham um chapéu de palha ou de pano com abas largas, ou simplesmente um capuz.(...)" (adaptado) Outras Informações Dicionário: Povo Imagens: IM-Vestuário do povo IM-Vestuário do Povo (2) IM-Vestuário do povo (3) Bibliografia: MARQUES, O. A Sociedade Medieval Portuguesa. Povo - Alimentação "Mas a base da alimentação medieval, quanto ao povo miúdo, residia nos cereais e no vinho. Farinha e pão, de trigo, milho ou centeio, e também cevada e aveia, ao lado do vinho, compunham os elementos fundamentais da nutrição medieva. (...) Por excelência, pão era de trigo. Coziam-se grandes pães, geralmente de forma circular, que cresciam pouco. (...) Embora por todo o País abundassem as searas de trigo, a produção era insuficiente para o consumo. (...) No campo, a situação era um pouco melhor para o povo miúdo. Havia sucedâneos para o pão: a castanha ou a bolota, por exemplo. Aliás, aqui não era a farinha de trigo a base da panificação. Milho, centeio e até cevada faziam-lhe as vezes. (...) Comia-se também pão de farinhas compósitas: trigo e milho, trigo e centeio, trigo e cevada, etc. Às vezes, entravam até na panificação três farinhas de cereais diferentes. Grande parte da população fabricava, ela própria, o pão para consumo, nos fomos de pão cujas referências abundam nos documentos. Nas cidades existiam padeiras que o coziam e vendiam em tendas ou a domicílio. (...) " Outras Informações Bibliografia: MARQUES, O. A Sociedade Medieval Portuguesa. Nobreza - Quem pertence à nobreza? "Todos da geração do Rei e das gerações dos filhos e dos netos, sejam nobres. Os que não são Mouros ou judeus infiéis, mas portugueses que livraram a pessoa do Rei ou a sua bandeira, ou o seu filho, ou seu genro, sejam nobres. Se alguém preso dos infiéis foi morto porque não quis ser infiel, mas permanecer na lei de Cristo, o seu filho seja nobre. (...) 0 que na guerra matar o rei inimigo ou o seu filho e ganhar a sua bandeira, seja nobre. Todos os que são da nossa Cúria e foram antigamente nobres sejam para sempre nobres (...)" J. P. Ribeiro, Documentos para a História Portuguesa (adaptado) Outras Informações Dicionário: Cúria Régia Mouros Nobreza Atividades Económicas - Comércio Interno No Concelho, a vida comercial achava-se bem regulamentada: os vários géneros tinham as suas ruas próprias. Em Évora, por exemplo, havia três ruas para a venda de carne a retalho. Numa, vendiam cabras e cabritos, noutra ovelhas e anhos e noutra os carneiros. Depois de abatidas no curral do município, à volta de trinta reses por dia, o gado baixava ao açougue, onde era retalhado. Daí é que passava ao mercado. No açougue havia quatro talhos: dois para carne de vaca e dois para carne de carneiro. Estavam abertos às quintas, sábados e domingos. Pormenor curioso: ordenava-se que as cabeças das reses não fossem separadas dos corpos até toda a carne estar vendida. E que se livrassem os carniceiros e charcuteiros de fazer inchar a carne exposta para venda. Legumes, fruta e hortaliça não deviam ser vendidos na praça pública, mas sim em lugares assinalados para o efeito. Os naturais de cada Concelho tinham sempre privilégios sobre os homens de fora na venda destes mantimentos. 0 pão devia vender-se a peso e não por medida. Eram geralmente mulheres que o fabricavam e vendiam. Mas o mercador, por excelência, era o dos tecidos. Mais respeitado, mais rico e mais numeroso. 0 seu papel na sociedade municipal notava-se bem pelo lugar ocupado na procissão do Corpo de Deus: seguiam imediatamente antes dos escrivães, boticários e dos notários." (adaptado) Outras Informações Dicionário: Açougue Mercador Privilégio Conceito Imagens: IM-Talho Medieval Bibliografia: MARQUES, O. A Sociedade Medieval Portuguesa. Atividades Económicas - Artesanato "A atividade industrial, não se revelou paralela ao florescimento do comércio. Além de alguns têxteis baratos, destinados a consumo local, de uns quantos utensílios domésticos e rurais de madeira e de barro, de objetos de ourivesaria, da construção de navios e tanoaria, do fabrico de sabão e alguns produtos mais, não existia transformação de matérias-primas feita em Portugal. Quando os documentos mencionam artesãos, estão geralmente a referir-se a barbeiros, ferreiros, alfaiates, sapateiros, pedreiros, carpinteiros, oleiros, padeiros, almocreves, carniceiros, pescadores e outros semelhantes (...)". (adaptado) Outras Informações Dicionário: Almocreve Imagens: IM-Povo: Tanoeiros Almocreve A Pesca IM-Ofícios medievais IM-Tenda do Sapateiro Bibliografia: MARQUES, O. História de Portugal. Atividades Económicas - Comércio Interno "As feiras são uma das instituições mais curiosas do período medieval. Quase todas as feiras se realizavam em épocas relacionadas com festas da Igreja; no local onde se faziam existia uma paz especial, a paz da feira, que proibia toda a disputa ou vingança, ou todo o ato de hostilidade, sob penas severas em caso de transgressão. A primeira menção duma feira portuguesa nitidamente diferenciada do mercado local é a que vem registada no foral de Castelo Mendo, de 1229, e que se realizava três vezes no ano e durante oito dias de cada vez. Todos os que a ela concorressem, tanto nacionais como estrangeiros, teriam segurança desde oito dias antes até oito dias depois da feira, na ida e na volta, contra qualquer responsabilidade civil ou criminal que pesasse sobre eles. Entre os privilégios que mais favoreceram o desenvolvimento das feiras cumpre mencionar o que isentava os feirantes do pagamento de direitos fiscais (portagens e costumagens). Às que usufruíam desta regalia deu-se o nome de feiras francas. Virgínia Rau, D. História de Portugal, vol. 11 (adaptado) Outras Informações Dicionário: Feira Franca Portagem Imagens: IM-Feira Medieval Nobreza - Divertimentos "A nobreza tinha muito tempo livre.(...) A função do nobre estava, não em trabalhar, mas em defender pelas armas. (...) Toda a atividade da nobreza, em tempo de paz, devia consistir no exercício das armas e na conservação da robustez do corpo.(...) 0 «desporto» medieval surge com o objetivo de treino para a guerra.(..) Entre as atividades mais queridas da nobreza e do clero, e com mais frequência praticadas, contava-se a caça. (...) Na caça chegavam os nobres a passar semanas e meses.(...) Desporto aparentado era a arte de cavalgar. Montar bem, exercitar-se a cavalo, fazer toda a sorte de manobras do alto da sela constituía por assim dizer obrigação do nobre.(...) Uma vez a cavalo, o nobre medieval podia entregar-se a uma série de exercícios desportivos, todos eles mais ou menos violentos. Desses os mais vistosos e conhecidos eram sem dúvida as justas e os torneios.(...)" (adaptado) Outras Informações Dicionário: Nobreza Torneios Imagens: IM-Nobreza: Caça IM-Nobreza: Torneio Bibliografia: MARQUES, O. A Sociedade Medieval Portuguesa. Atividades Económicas - Agricultura "Não era muito variada a produção agrária, predominando as terras de semeadura, as vinhas e os linhares, com alguns pomares e maciços de árvores à mistura. Entre os cereais, o trigo e o milhete desempenhavam o primeiro lugar no Minho, enquanto o centeio e a cevada predominavam nas regiões mais do interior A cevada, necessária para forragem do gado, existia praticamente por toda a parte. Do linho provinha a matéria-prima para uma das poucas atividades «industriais» do País, tradicional em todo o Norte. Também o vinho se mostrava importante. Entre a fruta produzida, detinham o lugar cimeiro as maçãs e as castanhas." (adaptado) Outras Informações Dicionário: Agricultura Matéria-prima Bibliografia: MARQUES, O. História de Portugal. Povo - Obrigações (pagamento de impostos) "Eram muito poucos os vilãos (isto é, não nobres ou não clérigos) que tivessem a plena propriedade da terra que cultivavam. Assim, a maioria dos habitantes cultivavam terra que não lhe pertencia, pagando foro ou renda ao seu Senhor quer ele fosse o rei, um nobre ou a igreja. (...) O foro variava entre 1/3 a 1/10 da produção total. Além deste foro, era ainda obrigado a muitos serviços (...): uns tinham que reparar fortalezas ou construir paços; outros de fornecer mão-de-obra ao forno da telha ou do pão ou aos trabalhos domésticos no paço [...). E, até findar a reconquista, eram obrigados ao serviço militar uma vez por ano." (adaptado) Outras Informações Dicionário: Mão-de-obra Nobreza Reconquista Cristã Clérigo Vilão Bibliografia: MARQUES, O. A Sociedade Medieval Portuguesa. Atividades Económicas - Criação de gado "A principal atividade económica era, provavelmente, a criação de gado. Grande percentagem de terra consistia em pastagens. No Minho e Beira Norte predominava o gado bovino (bois e vacas). Em Trás-os-Montes e em partes da Beira, gado ovino (ovelhas e carneiros) e caprino (cabras e bodes) faziam as vezes do gado bovino. E em todo o país se criavam cavalos." (adaptado) Outras Informações Dicionário: Atividade económica Imagens: IM-Povo: Pastores Bibliografia: MARQUES, O. História de Portugal. Atividades Económicas - Pesca "0 papel da pesca como atividade do litoral não pode ser esquecido. Ao longo da costa existiam várias pequenas aldeias que possuíam bom número de barcos para pescar. Pelos começos do século XIII, foi-se desenvolvendo uma política régia de impedir o avanço das dunas sobre os campos cultivados e de povoar o litoral. Assim se criaram ou se desenvolveram diversas póvoas marítimas ao longo da costa nortenha." (adaptado) Outras Informações Dicionário: Póvoa marítima Imagens: A Pesca Bibliografia: MARQUES, O. História de Portugal. Povo - Função "Lavrar a terra e dar de comer às bestas é a batalha (povo). Porque os cavaleiros e os clérigos vivem do trabalho dele. Sofre e trabalha muito; nos melhores dias da semana, semeia o centeio, gradeia a aveia, ceifa o prado, carda a lã e faz cercas, levanta paliçadas, escava viveiros nos rios e executa corveias (trabalho gratuito prestado ao senhor durante um número de dias), suporta pilhagens e paga cem direitos costumeiros." Documento do séc. XII Outras Informações Dicionário: Cavaleiro Nobreza Povo Clérigo Imagens: IM-Grupos Sociais Clero Regular - Vida no convento "Desde tempos remotos que alguns homens e mulheres adotaram uma vida exclusivamente de oração e de trabalho ao serviço de Deus. Existiam muitas ordens religiosas - em geral, o dia devia ser gasto em oração, trabalho árduo e estudo. Os monges viviam juntos numa casa, chamada mosteiro. Uma faceta importante da vida religiosa eram os serviços prestados à comunidade vizinha. Os monges instituíam bibliotecas e construíam escolas, hospitais e hospedarias para os viajantes." JONATHAN RUTLAND "Uma Abadia" (adaptado) Outras Informações Dicionário: Clero regular Mosteiro Ordem religiosa Imagens: Um mosteiro no século XIII Clero Regular - Mosteiro de Alcobaça "Os monges de Alcobaça guiaram os colonos na escolha das culturas de acordo com as aptidões dos terrenos, delinearam os trabalhos de irrigação, ensinaram a podar e a enxertar. Davam ainda ao agricultor as ferramentas agrárias fabricadas nas suas ferrarias, emprestavam as sementes, tomavam a seu cargo a construção de moinhos e dos lagares do vinho e do azeite. Cultivavam os cereais, os legumes, o linho, plantas hortícolas, vinhas, pomares, olivais..." Vieira Natividade "0 Mosteiro e Couto de Alcobaça" (adaptado) Outras Informações Dicionário: Clero regular Mosteiro Ordem religiosa Imagens: Um mosteiro no século XIII Atividades Económicas - Artesanato "Nas cidades e vilas importantes, os mesteres (ofícios) estavam arruados, ou seja, reunidos por profissões numa mesma rua. Ainda hoje nomes de ruas mostram bem esse princípio de arrumação: Rua dos Sapateiros, Rua dos Correeiros; Rua (dos ourives) do Ouro; Rua da Prata, em Lisboa; Rua da Ferraria, Rua dos Sapateiros, Rua das Tendas, no Porto. A tenda, propriedade do mesteiral ou alugada, era simultaneamente oficina e loja. (...) Juntando-se numa mesma rua, os mesteirais de cada profissão sentiam-se mais protegidos contra violências e abusos; vigiavam-se mutuamente na qualidade e quantidade dos produtos, preços por que eram vendidos e métodos de atrair os fregueses; e tornavam mais fácil a procura pela clientela." (adaptado) Outras Informações Dicionário: Mesteiral Mesteres Imagens: IM-Arruamento dos Mesteres IM-Tenda do Sapateiro Bibliografia: MARQUES, O. A Sociedade Medieval Portuguesa. Atividades Económicas - Comércio Interno "Além dos mercados, a criação das feiras ainda alargou mais as formas da circulação interna das mercadorias. Em Portugal, a sua grande época foi o séc. XIII, quando se criaram 43 das 95 feiras conhecidas. 0 reinado de D. Dinis (1279 a 1325) ficou marcado por uma enorme concentração de cartas de feira - 48 Tipo especial de feiras eram as chamadas feiras francas, onde os mercadores ficavam livres do pagamento de quaisquer impostos." (adaptado) Outras Informações Dicionário: Comércio Interno Feira Franca Mercador Bibliografia: MARQUES, O. História de Portugal. Atividades Económicas - Artesanato "Espreitemos uma oficina de ferreiro. Um mestre precisava de um dia de trabalho para lavrar um quintal de ferro em onze ou doze ferros de arado, ou oito enxadas, ou dezasseis dúzias de ferraduras de cavalo com os respetivos cravos. Dois homens - os serventes - malhavam o ferro, enquanto o quarto, o foleiro, certamente ainda aprendiz, tangia ao fole. Um moço, chamado o ganha-dinheiros, acarretava o ferro, a lenha e o carvão para a forja, a água para arrefecer o metal e, por último, empilhava as ferraduras e os cravos. A oficina ocupava, portanto, cinco pessoas." Outras Informações Dicionário: Quintal Bibliografia: MARQUES, O. A Sociedade Medieval Portuguesa. Atividades Económicas - Comércio Interno "Por um largo e escalavrado caminho viajavam dois nobres a cavalo. Alcançam-nos uns mercadores judeus. Vão todos para a feira de Ponte de Lima, que se realiza num largo terreiro, à entrada da povoação. Espalhados pelo terreiro, muitos animais para venda: suínos, muares, burros, muito poucos cavalos, que são raros e caros, e as mais diversas mercadorias. Há aí couves, uvas, odres de vinho, trigo, ervilhas, chícharos, tigelas de barro cheias de manteiga, alguns potes de azeite; há louça, arreios para as cavalgaduras, espadas, lanças e arcos, arados, relhas, foices, jugos para bois, há calçado e panos de lã e linho. Nisto aparecem os jograis. Um deles traz à trela um urso amestrado que dança ao som de um pandeiro. De seguida, uma rapariga exibe alguns números de ginástica: contorções e saltos mortais." Sanchez Albornoz - Uma Cidade Hispano-Cristã Há Um Milénio (adaptado) Outras Informações Dicionário: Comércio Interno Mercador Nobreza Jogral Imagens: IM-Feira Medieval IM-Divertimentos nas Feiras e Romarias Atividades Económicas - Comércio Externo "Portugal importava de muitas regiões da Europa e da África: de Castela recebia artigos têxteis, cereais, couros, metais; da Itália entravam sedas e outros tecidos, armaduras e outro material de guerra, especiarias e produtos manufaturados. De Bruges provinham sobretudo tecidos, armas e munições, produtos industriais (muitos de luxo), além de cobre para moedas e outras miudezas. Da Inglaterra recebiam-se também lãs, cereais, em tempo de crise, peixe e outros produtos diversos. A França enviava-nos géneros alimentícios (como trigo e legumes), têxteis e produtos manufaturados. Com a Alemanha mantínhamos relações comerciais à base da importação de artigos de cobre e ferro, de madeira e outros produtos florestais, de trigo e centeio e de peles. Do mundo islâmico importavam-se peças de vestuário, alfaias domésticas e também cereais. (...) Exportavam-se sobretudo géneros alimentícios e matérias-primas: fruta, vinho e azeite para todo o norte europeu (especialmente a Flandres, Inglaterra e França), sal para a Alemanha e a Inglaterra, couros e peles para o Norte da Europa e para a Espanha. Para o mundo mediterrânico exporta-se vinho e fruta seca, peixe, sal têxteis mel, sebo, couros e peles, às vezes cereais." Outras Informações Dicionário: Comércio externo Especiarias Exportação Importação Manufatura Matéria-prima Flandres Imagens: IM-Mercador em Bruges Comércio externo (século XIII). Bibliografia: MARQUES, O. Ensaios de História Medieval. Nobreza - Vestuário "0 nobre mandava confecionar ao seu alfaiate saias extremamente curtas e justas e enfiava calças que lhe modelavam a coxa e a perna. Calçava sapatos de pontas enormes. Por outro lado, envergava por cima larguíssimas capas que chegavam a ter cauda e a arrastar o solo e colocava na cabeça chapéus." (adaptado) Outras Informações Dicionário: Nobreza Imagens: IM-Vestuário da Nobreza IM-Vestuário da nobreza (2) Bibliografia: MARQUES, O. A Sociedade Medieval Portuguesa. Nobreza - Educação "Neste tempo, as crianças não tinham que ir à escola. Os nobres mandavam os filhos para castelos onde eles aprendiam a ser cavaleiros. Os rapazes começavam a sua aprendizagem como pajens. Nesta condição, serviam as damas durante as refeições, aprendiam a ler, a escrever, a cantar e a fazer poemas, também lhes ensinavam a caçar e a lutar. Mas o mais importante é que fossem bons, honestos, corajosos e leais. Aos 14 anos, os pajens tornavam-se escudeiros. Cada cavaleiro tinha um escudeiro para o ajudar. Este tratava da armadura do seu cavaleiro e ajudava-o a vesti-la. 0 cavaleiro, pelo seu lado, ensinava-lhe a manejar a espada e a lança. Aos 21 anos estava completa a sua educação e preparava-se para enfrentar o momento mais importante da sua mocidade: ser armado cavaleiro. Era uma data memorável e muito importante. 0 escudeiro passava a noite inteira a rezar na capela. Na manhã seguinte, o castelão e os outros cavaleiros reuniam-se no salão nobre e ajudavam-no a vestir a armadura. Em seguida, escutavam a sua promessa de servir a Deus e de ser sempre um cavaleiro justo e corajoso. 0 cavaleiro ajoelhava-se, então, aos pés do castelão e era armado cavaleiro. 0 castelão tocava-lhe no ombro com a espada, dizendo: -Armo-te cavaleiro. Ergue-te!" J. GILBERT/J. P. COLBUS - A Vida de Um Cavaleiro no Tempo das Cruzadas (adaptado) Outras Informações Dicionário: Cavaleiro Escudeiro Nobreza Imagens: Um nobre a ser armado cavaleiro Grupos Sociais - Funções "Labor do clero é orar a Deus E fazer justiça, o de cavaleiro, 0 pão arranjam-lhes os trabalhadores. Um alimenta, outro reza, o terceiro defende, No campo, na cidade, no mosteiro; Ajudam-se em seus misteres, Os três para boa ordem." De um poema do séc. XIII Outras Informações Imagens: IM-Grupos Sociais Nobreza - Vestuário "Tal como hoje e como sempre, o vestuário estava sujeito a modas... Variavam as cores, os comprimentos, a forma das mangas, o feitio do cinto... Homens e mulheres vestiam-se então mais ou menos da mesma maneira. Junto à pele usavam uma camisa de mangas compridas, que nas mulheres ia até ao tornozelo e nos homens até ao meio da perna. Por cima dessa camisa vestiam uma espécie de colete decotado e sem mangas; por cima, a saia que era comprida e mais larga em baixo. Em seguida, vestiam o pelote (espécie de manto) que se prestava a uma grande variedade de formas, comprimentos e materiais. Às vezes era uma peça de vestuário tão comprida como a saia, outras vezes uma jaqueta, com ou sem mangas, forrada no Inverno e sem forro no Verão, enfeitada de galões, peles ou bordados. Alguns eram abertos dos lados, outros tinham mangas postiças, de cores a condizer ou contrastantes. Por vezes, cingiam o busto e o ventre num colete almofadado, chamado corpete. 0 cinto podia ser bordado ou de metal lavrado, mas a maior parte das vezes era de couro. Nele prendiam a faca, as chaves, a bolsa. 0 vestuário para sair ou para fazer uma viagem era o tabardo. Era uma capa aberta dos dois lados a partir dos ombros ou das cavas, as aberturas para a saída dos braços eram bastante grandes e podiam ter capucho. Era um agasalho muito prático para os peregrinos e viajantes. No Inverno, forravam-no, muitas vezes, de pele de coelho ou de peles mais preciosas. Contra a chuva usavam capas feitas de lã não desengordurada, o que as tomava impermeáveis. Os pés e as pernas estavam cobertos de meias. Eram tecidas em lã, muito justas e presas por ligas também tecidas ou bordadas. Os sapatos eram de cabedal, mas também os havia de pano ou seda. Faziam-se de várias cores. Usavam-se ainda botas ou sandálias. As senhoras usavam os cabelos compridos enrolados em tranças, caídas ou levantadas em torcidos ou em rolos. As raparigas, pelo menos em épocas de festa, usavam os cabelos soltos. No séc. XIII, o homem usava a cara rapada, como habitualmente nos nossos dias; o cabelo era cortado atrás com as pontas enroladas. As mulheres usavam uma touca de pano branco; as mais velhas, viúvas ou religiosas usavam uma coifa (espécie de gorro). Por cima da coifa usavam, nas ocasiões de cerimónia, um véu ou um chapéu, para ambos os sexos. Toda a gente cobria a cabeça e havia imensos modelos de chapéus. Para completar o vestuário, havia ainda as luvas, feitas de tecido ou de pele. As damas usavam-nas bordadas. 0 traje desta época era vistoso e podia ser riquíssimo, tanto pelo material de que era feito, como pelo seu ornamento." Geneviève D'Halicourt - A Vida na Idade Média (adaptado) Outras Informações Imagens: IM-Vestuário da Nobreza IM-Vestuário da nobreza (2) Povo - Vestuário "O vestuário e o calçado, entre o povo, eram fabricados em casa. Com os fios do linho e a lã das ovelhas fabricavam tecidos grosseiros com que faziam uma espécie de túnica ou saio que atavam na cintura com um cordão. O homem usava o saio até ao joelho e por baixo calças justas. A camponesa usava a túnica mais comprida e por cima um avental. Homens e mulheres cobriam a cabeça com coifas e chapéus de palha e no tempo do frio vestiam um manto com capuz. Com a pele dos animais bravos ou domésticos faziam o calçado: botas, socos ou sandálias de correias, as abarcas." Geneviève D'Halicourt - A Vida na Idade Média (adaptado) Outras Informações Imagens: IM-Vestuário do povo IM-Vestuário do Povo (2) IM-Vestuário do povo (3) Mercadores - Instrução "0 mercador de panos estabelecido em Lisboa ou no Porto já estava na posse de uma soma de conhecimentos (...). Além de escrever e ler, sabia contar. Estava a par de todos os câmbios e conhecia o valor da prata em relação ao ouro. A extensão dos seus negócios dava-lhe amplos conhecimentos de geografia: conhecia toda a linha de costa desde Lisboa até Bruges (...), a oriente, conhecia de Lisboa a Veneza com rigor." (adaptado) Outras Informações Dicionário: Mercador Cambiador Imagens: IM-Mercador em Bruges Comércio externo (século XIII). Bibliografia: MARQUES, O. A Sociedade Medieval Portuguesa. Nobreza - Vestuário "Como peças fundamentais, uma dama de condição vestia (...) sobre a pele, uma camisa ou alcândora, acompanhada de calças e de fraldilhas. Por cima, envergava a cota ou saia, talhada em fazenda, veludo, brocado, seda, etc., com mangas geralmente estreitas e compridas e ampla abertura nas costas. Sobre a cota, usava uma opa, cujos modelos foram variadíssimos, acompanhando a evolução da moda. (...) As senhoras dos séculos XIV e XV usavam, por último, diversos tipos de capas e mantos com que saíam à rua em tempo frio ou que exibiam em atos de cerimónia." Oliveira Marques, Portugal na Crise dos Séculos XIV e XV Outras Informações Dicionário: Brocado Imagens: IM-Vestuário da Nobreza IM-Vestuário da nobreza (2) Clero e Nobreza - Alimentação "(...) As duas refeições principais do dia eram o jantar e a ceia. Jantava-se, nos fins do século XIV, entre as dez e as onze horas da manhã. Ceava-se pelas seis ou sete horas da tarde. ( ... ) 0 jantar era a refeição mais forte do dia. 0 número de pratos servidos andava, em média, pelos três, sem contar sopas, acompanhamentos ou sobremesas. Isto, entenda-se, em relação ao rei, à nobreza e ao alto clero. Entre os privilegiados ou os menos ricos, o número de pratos ao jantar podia descer para dois ou até um. À ceia, baixava para dois a média das iguarias tomadas; ou para um. ( ... ) A base da alimentação por excelência era a carne. Ao lado das carnes de matadouro ou carnes gordas - vaca, porco, carneiro, cabrito (...) consumia-se largamente caça e criação. (...) A forma mais frequente de cozinhar a carne era assá-la no espeto (assado). Mas servia-se também carne cozida (cozido), carne picada (desfeito), e carne estufada (estufado). (...) 0 peixe era servido à mesa real, frito ou em empadas. ( ... ) Antes das refeições, era hábito lavar as mãos. Servidores traziam justas ou gornis, de prata ou de ouro metal consoante a abastança da mesa, e bacias grandes, sobre as quais se colocavam as mãos. Em banquetes de especial requinte, a água simples podia ser substituída por água de rosas ou de outro perfume. Limpavam-se as mãos a napeiras ou toalhas mais pequenas. ( ... ) (...) É claro que para a sopa e outros alimentos, se usavam pratos, as chamadas escudelas, de madeira ou de prata (sendo de barro denominavam-se tigelas). (...) Sempre cada escudela ou talhador servia para dois convivas, sentados lado a lado. Talvez daqui derive a expressão de «comer com alguém no prato». Conheciam-se e utilizavam-se, se bem que pouco, as colheres. Mas não havia garfos, só muito mais tarde divulgados no Ocidente. (...) A faca, pontiaguda, era o instrumento por excelência. Mas só excecionalmente se distribuíam facas aos convidados a um banquete. Eram as próprias pessoas que levavam consigo a faca de que se iriam servir, tal como nós, hoje, levamos um pente ou um espelho. Depois de comer, limpavam o objeto à toalha ou aos toalhetes. (...) Para beber, usavam-se copos, um tanto maiores e mais pesados do que os de hoje, e chamados vasos na linguagem medieval." Outras Informações Dicionário: Clero Nobreza Privilegiado Imagens: IM-Banquete numa residência nobre Bibliografia: MARQUES, O. A Sociedade Medieval Portuguesa. Casamento "0 casamento medieval era, em primeiro lugar, um ato de importância familiar, pois havia grande solidariedade no seio das famílias, tanto mais que, de geração em geração, estavam radicadas no mesmo cantinho de terra. A honra de um era a dos outros; o ódio de um era partilhado pelos outros. Qualquer assunto privado tornava-se, por esse facto, um assunto de família. 0 casamento era o meio clássico de assegurar uma boa aliança ou, pelo menos, paz entre duas famílias possuidoras de terras ou domínios. Dispunha-se, pois, dos filhos logo à nascença, ou desde tenra idade. 0 casamento tinha ainda importância económica. Como cada adulto era um produtor, os filhos eram uma riqueza. Quando se efetuava uma união entre súbditos de dois senhores diferentes, o cônjuge que partia prejudicava o seu senhor e ia beneficiar o outro. Por isso, era necessária autorização do senhor interessado, resolvendo-se geralmente o assunto pelo pagamento de um imposto. A escolha da noiva era feita por todos os interessados: o pai, a mãe, os parentes carnais e, quando se tratava de um «grande», pelos barões da sua casa. Um mancebo de família mais modesta tinha mais liberdade para escolher noiva. Quando os jovens e as famílias estavam de acordo, celebravam-se os esponsais. Para os firmar, como ainda acontece hoje, trocavam-se anéis. A cena é assim descrita num romance da época: "0 noivo tira um anel do dedo e põe-no no dedo dela, dizendo: - 'Amiga, por este anel entrais na minha posse e vos dou o meu amor, para sempre, lealmente.' E recebe dela também um anel." A Igreja, guardiã dos juramentos, registava oficialmente os esponsais, seguindo um ritual que a nossa época tem tentado fazer reviver em várias regiões. Os jovens, acompanhados pelos seus parentes e amigos, dirigiam-se à igreja e, sob o pórtico, eram recebidos pelo pároco vestido com a estola e a sobrepeliz. Depois de lhes perguntar o nome e a filiação, fazia-lhes as perguntas rituais: "- Martin, juras desposar Berta, se a santa Igreja consentir?" - Martin responde: - "Juro." - Pergunta semelhante era feita à rapariga. Depois, o padre, em latim, dizia: "- Eu vos prometo um ao outro, em nome do Padre, do Filho e do Espírito Santo. Ámen." A cerimónia do casamento repetia a dos esponsais. Assim, no grande dia, para aí se encaminhavam os jovens prometidos, com os seus mais belos fatos de cores vistosas (preferia-se o vermelho), coroados de flores de coroas de prata ou ouro. A coroa na cabeça era um costume de festa vulgar, especialmente das raparigas de todas as classes sociais. A rapariga levava os cabelos soltos, em sinal de virgindade, ou cobertos por um ligeiro véu. Conduzidos pelos pais ou padrinhos, acompanhados pelos amigos e precedidos pelos músicos, os noivos trocavam os seus juramentos, espontaneamente ou após as perguntas do padre. Em seguida, havia a bênção e a tradição do anel que o marido colocava no dedo da esposa "cuja veia vai direita ao coração, em sinal de que o seu coração consentia neste casamento". Finalmente, encaminhavam-se para casa e os amigos atiravam punhados de trigo sobre o jovem casal, dizendo: "abundância, abundância" velho rito mágico de fertilidade que, nos nossos dias, subsiste ainda nos países anglo-saxónicos. Na Bolonha, apesar dos regulamentos municipais, atiravam sobre os noivos fosse o que fosse: neve, serradura, lixo da rua, bocadinhos de papel que devem ter sido os primeiros confetti. Dentro de casa, começavam os festejos, as paródias e as danças. Ao cair da noite, os esposos deitavam-se e o padre, acompanhado do acólito com a água benta e o incenso, vinha benzer o leito nupcial." (De A Vida na Idade Média, de Geneviève d'Haucourt, Ed. Livros do Brasil - adaptado) Outras Informações Clero Regular «Pertenciam ao clero regular as ordens monásticas e as ordens religiosas militares. Os monges das ordens monásticas entendiam que a melhor maneira de servir a Deus era a oração associada a trabalhos manuais e intelectuais. A vida nos mosteiros dividia-se portanto entre horas passadas na igreja a rezar e as horas dedicadas ao trabalho no campo, ao tratamento de doentes, ao ensino, à cópia de manuscritos, à redação de crónicas sobre os principais acontecimentos daquele tempo.» Outras Informações Dicionário: Clero Clero regular Monge Copista Mosteiro Ordens Religiosas-Militares (2) Ordens Religiosas-Militares Imagens: Mosteiro de Santa Clara Bibliografia: MATOSO, J.; MAGALHÃES, A. M.; ALÇADA, I. (1994). História de Portugal. Lisboa: Editorial Caminho.