Olá Ema, Marisa e Juliana, que tão envolvidas estivemos todas uns tópicos abaixo, relativamente a algumas restrições e desrespeitos (do ponto de vista de quem? nosso? deles? delas?) relativamente a alguns costumes (religiosos ou não) que nos parecem mais evidentes quando se trata de mulheres.
Gostaria de vos ouvir sobre estas questões...
Sónia Seixas
Bom dia, professora Sónia e colegas
Em qualquer parte do mundo existem mulheres que são vítimas de violência doméstica, de abuso sexual, independentemente da idade, cultura, religião ou status social. Países como o Brasil, a Inglaterra, Países de Gales, os Estados Unidos (entre tantos outros) apresentam, neste âmbito, um elevado número de ocorrências. Portanto, quando partilhei que o desrespeito pela mulher é o meu calcanhar de Aquiles não me referia a uma mulher específica, ou seja, tanto me reporto à mulher árabe, como africana, indiana ou à ocidental. Contudo, tenho consciência que estando recetiva a olhar o Outro, que contactarei com realidades que abomino (como o casamento infantil, precoce, forçado) ou que com as quais poderei ter maior dificuldade em lidar, dado sobretudo às minhas crenças pessoais.
Especificamente referi que não me choca uso do véu, apenas a situação de obrigação, na perspetiva daquela que o não quer, mas que ao seu uso está condenada. E ao afirmá-lo, não o faço na perspetiva de uma femininista - considero-me humanista - mas de alguém que apenas deseja o melhor para os outros, como o que deseja para si, sem invadir o campo pessoal das escolhas de cada um (de determinar o que é o melhor à luz das minhas escolhas).
Compreendo, igualmente, por ter conhecimento da sua existência, que existem países de maioria muçulmana que têm uma mulher à frente do Governo, assim como existem países que têm mulheres nos seus "parlamentos" até com maior expressão do que países como os Estados Unidos, por isso apenas posso generalizar que abomino determinada realidade.
Tenho igual consciência, com abertura para aprender sobre e participar da forma possível - nem que seja enviar cartas aos líderes desses países - que existem sistemas patriarcais, autoritários que desrespeitam a mulher como ser pleno de direitos, existindo ainda quem cientificamente, em pleno Século XXI, não nos considere humanos, embora tenham elevado a condição da mulher além de objeto (de prazer e obrigação). No que diz respeito a desrespeito e realidades brutais, sem a variável do conflito armado, a Índia é um dos países onde as mulheres mais sofrem, o que não quer dizer que parto do princípio que todos os indianos são maus.
Nos campos de refugiados não há segurança e o casamento têm sido uma "saída", pensada pelos pais, para as jovens refugiadas e as suas famílias, no entanto e referindo-me à realidade da Síria, o casamento precoce já existia antes do conflito. Por isso interrogo-me se não chegarão até nós jovens infelizes, presas a esta situação, e de que forma as poderemos ajudar, como lidaremos com o problema. Será que apenas nos vamos preocupar se a jovem está em idade de casar, à luz da nossa lei?
Todos os anos faço um cartaz com imagens da web e cada ano escolho uma temática. Ilustro, em espírito de partilha, a forma como vivo o dia 8 de Março, cartazes de 2012 a 2014.
Olá Ema
Obrigada pela sua partilha (cartazes) e pelo post que apresenta ideias em que muitas das mulheres e homens se revêem com toda a certeza.
As fronteiras entre humanismo e valores, teocentrismo e fanatismo estreitaram nas últimas décadas, vamos ver até onde o egoísmo e egocentrismo dos políticos ocidentais e dos lideres obstinados nos leva.
Apesar de tudo temos grandes lideres que podem fazer a diferença se o quiserem e os deixarem, isso alimenta-me a esperança que o legado que a nossa geração vai deixar aos seus descentes não é tão sombrio quanto possa parecer.
Deixemos que o tempo ajude e nunca nos esqueçamos da nossa missão de FORMAR as próximas gerações e de que a melhor forma de o fazermos é sem dúvida pelo exemplo.
Relativamente às restrições e desrespeito para com a as mulheres, infelizmente nos tempos em que correm há ainda uma percentagem muito elevada que vê os seus direitos violados. Não falamos só relativamente Às questões culturais, falamos igualmente à diferença de sexo, que ainda é muito evidente em grande parte das culturas e sociedade.
Não é só nas nos países de acolhimento que se verificam estas descriminações e desrespeitos, tal como se pode ver nesta situação:
http://jornalggn.com.br/noticia/onu-alerta-pra-riscos-de-violencia-contra-mulheres-refugiadas-na-europa
Também dentro das próprias culturas, há padrões sociais de total desrespeito pelos valores e direitos das mulher, até pelo simples ato de se apaixonarem por uma pessoa.
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/12/141214_mulheres_paquistao_yh_cc
No nosso país também há diferentes formas de desrespeito e restrição à mulher. Posso dar-vos o exemplo da minha escola, que sendo um escola TEIP, dado que a maioria dos alunos provêm de uma comunidade cigana muito grande, com costumes e tradições muito vincados, onde a mulher não tem qualquer tipo de direito, nem poder, as professoras não são bem aceites nem acolhidas na escola, porque a sua autoridade não é aceite nem reconhecida, quer pelos alunos, quer pelos respetivos encarregados de educação destes alunos. No entanto, na minha opinião, o problema aqui reside no facto de haver cedências de ambas as partes, desde que se respeite a cultura de ambos os lados e se perceba que a identidade de um grupo pode entrar em conflito com o outro e daí ser importante o diálogo intercultural, para que não se assista ao choque cultural.
http://www.apagina.pt/?aba=7&cat=135&doc=10191&mid=2
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