Estas populações são caraterizadas por pessoas que, de uma forma geral, fugiram para salvaguardar a própria vida. Ou seja, são pessoas que enfrentam e / ou enfrentaram situações de limite e de emergência. Que tiveram em risco a sua própria vida. Com traumas psicológicos, sentido por estas pessoas, especialmente pelas crianças. Estes obstáculos são encontrados em situações como:
- Da guerra, com situações vividas em palcos de guerra
perfeitamente horríveis (desrespeito pele vida humana, falta de valores atribuídos
aos laços familiares, etc.);
- Pela fuga e que caminho seguir. Para onde irão fugir e em que
condições de segurança. O que deixam para trás (família, as raízes de um vida
construída ao longo dos anos);
- Por toda a dinâmica do acolhimento (a incerteza de quem irá
receber estas pessoas e em que condições). Como se irá processar a integração,
a dificuldade da aprendizagem de outra língua e todos os problemas subjacentes como
fazerem-se perceber e entender as pessoas de acolhimento, de vestuário, de
proximidade física (respeito pelo espaço de cada um num processo de
comunicação).
- Pela aculturação a culturas diferentes com costumes, hábitos de
alimentação (entre outros) crenças religiosas, direitos e deveres (nomeadamente
os de género, tão diferentes do das ocidentais);
- Pela desfragmentação dos laços familiares, com maior incidência nos mais novos, com situações gravíssimas de perda dos familiares mais próximos, tanto por morte como por deixarem simplesmente de saber se estão ou não vivos.
Alguns dos
riscos a que estão sujeitos estas populações são, enquanto em fuga, também o Tráfico humano; a Prostituição; o Mercado Negro, entre outros.
Já em processo de acolhimento e integração os riscos poderão ser de Marginalização; Violência; Assédio; Bullying; Descriminação; Preconceito; Isolamento; Exclusão; Entre outros.
É importante que exista uma desmitificação de mitos, representações, falsas
crenças, estereótipos que são construídos nestas situações. Existe também não
só o perigo deste tipo de representações estar presente nas populações de
acolhimento como também existirem no próprio Formador. Ser ele “portador” destas
representações e mitos.
Reforço a exposição anterior com mais esta reflexão, na qual penso também ser necessário entender que estas populações (a dos refugiados) pertencem a grupos de risco pois vivem, de uma forma geral, isolados, com uma baixa auto-estima, sem as competências básicas requeridas, como o domínio da língua do país que os acolhe, e sem acesso a informação.
Outro facto consiste em não existir um quadro legislativo, no país de acolhimento, para o refugiado, sendo a informação disponibilizada aquela que é feita para os nacionais, sem ter em conta outras realidades.
A própria União Europeia tem criado grupos de trabalho consagrados à estratégia de informação dos migrantes, com o objetivo de definir e divulgar informações úteis aos requerentes de asilo sobre os seus direitos e obrigações.
Existem iniciativas que visam o acolhimento e a integração de refugiados em Portugal, como a Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR). O apoio ao longo dos anos vai sendo reduzido até à integração plena. Ou seja, até que o refugiado atinja uma autonomização satisfatória.
Pretende-se que os refugiados sejam “formados” pelo país de acolhimento. Em condições ideais a integração do refugiado deveria iniciar-se antes mesmo de o refugiado obter o “estatuto de refugiado” que, pelo que sei, a sua obtenção é muito demorada. Assim, o refugiado deverá ser encaminhado para acções de formação profissional básica com vista à obtenção de competências e de saberes que lhe serão úteis no seu processo de integração e, obtenção de emprego. Uma das competências mais importantes é a aprendizagem da língua do país que o acolhe. Poderão ser referidas outras como a integração de menores nas escolas, acesso à saúde e integração no mercado de trabalho.
Tal como foi referido pela Professora Sónia Seixas, é também importante potenciar os níveis de resiliência, nomeadamente o das crianças, com a promoção do espírito de solidariedade, da comunicação, de auto-regulação e de identificação, evitando, de situações de perigo, promovendo a auto-proteção.
Boa tarde, colega.
Na sua intervençäo, o colega refere alguns riscos que podem surgir durante o acolhimento, o que me fez pensar no ocorrido no conflito da ex-Jugoslávia.
As mulheres e crianças foram alvo de repetidas violaçöes, como estratégia para minar, "por dentro", a comunidade inimiga. Recordo uma reportagem que retratou como as mulheres e as crianças nascidas da violência foram socialmente rejeitadas após o conflito pelos seus pares masculinos. Este pode ser mais um obstáculo a superar e a que as comunidades de acolhimento devem ter em atençäo, para que o conflito näo continue a vitimizar quem sobreviveu ao mesmo.
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