Olá a todos
Tem sido muito gratificante ler os vossos comentários, sentir as vossas inquietações e pensar (e repensar) nalgumas implicações daquilo que temos aqui deixado escrito….
Nestas leituras, fui identificando algumas questões de grande pertinência: as questões dos direitos humanos, da multiculturalidade, dos receios de terrorismo, da exclusão, da necessidade de nos adaptarmos à mudança (todos…. refugiados e países de acolhimento), entre outras.
Gostava de vos continuar a ver mais envolvidos…. há muito ainda por dizer, não vos parece?
Ficarei à vossa espera neste Fórum!
Sónia Seixas
Boa tarde
Trago para a discussão um artigo da Revista Visão de Junho passado da autoria de MÁRCIA G. RODRIGUES:
20.06.2016 às 12
© Yves Herman / Reuters
O número de refugiados no planeta aumentou 5.8 milhões em apenas um ano e atingiu um novo recorde: 65.3 milhões. Metade são crianças. Foi no seu relatório anual que a Organização das Nações Unidas divulgou que existem 65.3 milhões de refugiados no planeta. Um aumento de quase 6 milhões face aos registos de 2014. Metade desses refugiados ainda não atingiram a idade adulta e viajam sozinhos.
Só nos últimos cinco anos, o número de refugiados, requerentes de asilo ou deslocados internos aumentou 50%, sobretudo devido à Guerra Civil Síria, que teve início em 2011.
É a primeira vez que o número de refugiados ultrapassa os 60 milhões. Dos 65 milhões (mais do que a população do Reino Unido), dois terços são pessoas deslocadas dentro dos seus países, o outro terço são refugiados e 50% são crianças. Fazendo as contas, equivale a 1% de toda a população mundial, uma pessoa em cada 113.
É a maior crise humanitária a atingir o continente europeu desde a II Guerra Mundial, mas a Europa dá asilo a apenas 14% desses refugiados. A Turquia é o país que acolhe o maior número de refugiados (2.7 milhões sírios), seguida pelo Líbano e pelo Paquistão . Contudo, a Alemanha é o país mais desejado das pessoas que são obrigadas a abandonar o seu país devido conflitos. Só em 2015 recebeu quase 442 mil pedidos de asilo, a maioria de sírios, um número que deverá continuar a aumentar. Os Estados Unidos receberam 172,700 pedidos de ajuda, principalmente de pessoas que tentam fugir dos problemas de violência e de droga do México e da América Central.
Filippo Grandi, o alto-comissário da ONU para os Refugiados, alertou para os problemas de xenofobia que os refugiados vivem.
“A responsabilidade dos homens políticos devia ser explicar que a imigração, em certos aspetos, contribui para o desenvolvimento das sociedades e que os refugiados (…) precisam de proteção, pois eles não representam um perigo, mas fogem de sítios perigosos”, diz Grandi. “Aqueles que fazem o contrário e se juntam à opinião pública contra os refugiados e os migrantes criam um clima de xenofobia que é muito preocupante atualmente na Europa”, continua.
De acordo com o alto-comissário, 24 pessoas fugiram de casa a cada minuto em 2015. A maioria são sírias (4.9 milhões), afegãs (2.7 milhões) e somalis (1.1 milhões).
A União Europeia estabeleceu, no ano passado, um programa para repartir pelos seus estados-membros os 160,000 requerentes de asilo que chegam às fronteiras da Grécia e da Itália, no entanto, apenas 2406 pessoas foram distribuídas. Portugal já recebeu 370 refugiados e espera receber mais 200 até ao final deste mês, segundo dados da Plataforma de Apoio aos Refugiados.xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Sobre o acolhimento de várias famílias de refugiados que Portugal tem recebido e que têm sido geograficamente distribuídos por diversos municípios, numa das últimas intervenções da Responsável pela Plataforma de Apoio aos Refugiados, num programa de televisão com outros intervenientes, a que assisti e em que se debatia o acolhimento de refugiados por parte de Portugal, a Responsável pela PAR, ia revelando as linhas de orientação para o processo gradual de acolhimento, orientações vindas dos responsáveis governamentais, "tive a percepção de que a Responsável pela PAR ia abordando a questão do acolhimento dos refugiados em Portugal, com um discurso cauteloso, focando os aspectos da falta de alojamento para os que chegam, da necessidade de ser realizado um trabalho em rede entre diferentes ministérios, da necessidade de formação de técnicos que possam trabalhar projectos socioprofissionais com as famílias que chegam, da importância da comunidade e das ONG, IPSS´s e demais instituições locais na inclusão e integração nos territórios de acolhimento, de trabalho, de estudo de cultura, trabalho que ainda estava a ser planeado, pelo facto de todo este trabalho requerer recursos humanos especializados, que têm de ser remunerados, questões que estavam ainda em discussão...
Preocupação que a Responsável pela PAR revelava e que sobre a qual não poderia estar mais de acordo. No entanto, considerando que a Comissão Europeia disponibilizou perto de 20 milhões de euros para Portugal, para apoio ao Programa de acolhimento de refugiados que se encontram em diversas zonas geográficas da Europa e demais continentes, fico sempre com esta estranha e preocupante inquietude, de que nada ou quase está preparado, planeado e calendarizado.
Por outro lado, fico sempre com a satisfação de que tudo irá correr satisfatoriamente no acolhimento que faremos aos que vierem até nós, com a certeza de que não faremos muros com quilómetros de comprimento, vigiados 24 horas por polícias armados e cães, à semelhança do que acontecia do outro lado do Muro de Berlim.
Cumprimentos,
Carlos
A notícia do “Público” trazida pelo colega Carlos vem demonstrar que muito tem de ser feito, ao nível da aceitação e integração dos refugiados.
O seu número tem aumentado significativamente no último ano e os países membros da Comunidade Europeia não têm conseguido fazer face a este rápido crescimento. Ora, isto não só agrava as condições de vida a que estas pessoas ficam sujeitas, enquanto esperam socorro, como leva ao aumento de comportamento xenófobos, por parte dos responsáveis e pelas populações, em geral.
A xenofobia caracteriza-se pelo medo ou pavor de estranhos ou estrangeiros. Em alguns casos, ela não se manifesta de forma concreta ou com ações que interferem diretamente no outro, mas, pode manifestam-se em gestos de ódio e preconceito, que podem culminar em atos de violência. Até mesmo países escandinavos, como a Suécia, têm sofrido com a crescente ofensiva racista e xenofóbica de grupos neonazistas e de supremacia branca. Independente do PIB e do rankig da educação do país, o problema acontece de diversas formas e por diferentes motivos.
Entre os principais culpados pelo aumento da xenofobia, podemos citar os média, que diariamente, de forma direta ou indireta, reforçam discursos meritocráticos e, através destes, acabam por influenciar certos indivíduos a reagirem a este medo inconsciente ao estrangeiro, com atitudes fora da razão e mais violentas. Em muitos casos, este reforço de discurso vem também das próprias políticas governamentais, são exemplos disto, países como a Alemanha e a Itália, pois têm tomado atitudes claramente xenofóbicas.
Apresento dois exemplos que demonstram atitudes xenofóbicas e de obstáculos que os refugiados têm de enfrentar diariamente. Neste vídeo, Angela Merkel, a chanceler alemã, pronuncia-se de forma xenofóbica relativamente aos refugiados. A própria Inglaterra tem contribuído para a criação de obstáculos e constrangimentos que os refugiados têm de enfrentar, pois tem vindo a fechar, cada vez mais, as suas fronteiras de imigração.
A professora Sónia tem toda a razão em dizer que muito ainda há para dizer relativamente aos obstáculos e constrangimentos ligados a este tema.
Obrigado colega Carlos pela sua partilha e espero tê-la enriquecido com a minha opinião.
Uma das questões que gostava de refletir e que, no meu entender, tem de ser acautelada são as expectativas, dos refugiados e do país de acolhimento.
A última grande vaga de refugiados a chegar à Europa é feita de pessoas, na sua maioria, altamente escolarizada, com empregos nas áreas das ciências, medicina, educação, etc. e que viviam nos seus países uma situação de conforto social e económico. São pessoas com uma melhor noção dos seus direitos e que querem por isso a oportunidade, que lhes assiste como direito, de aceder ao mercado de trabalho e à educação, tentando por tudo chegar aos países que no seu entender tem melhores condições para lhes assegurar o começo de uma nova vida. No entanto, e como sabemos, esta é a maior vaga de refugiados a chegar à Europa, e as fragilidades de acolhimento e de uma política Europeia de Integração são fatores que dificultam o processo de integração e causam uma maior angústia e desespero a estas pessoas, que depois de tudo o que passaram, se vêm, por tempo indefinido, em campos de refugiados, esperando que o seu futuro seja definido. Aqui, penso que o que a Dr.ª Sónia Seixas diz faz todo o sentido, a existência de técnicos que possam trabalhar a resiliência com os refugiados, apoiando na gestão do stress, da ansiedade, expectativas (nunca as defraudando ou diminuindo).
Por outro lado, temos o país que acolhe que atendendo à situação política, social e económica instável, vive debaixo do medo. Medo que no meio dos refugiados possam estar pessoas associadas ao terrorismo, medo que os refugiados possam retirar postos de trabalho, medo de perder a sua identidade enquanto país. Ou seja, mostrando expectativas negativas sob uma realidade, para muitos desconhecida e desinformada que a comunicação social continua a inflamar.
As questões do trauma e da resiliência, muito bem abordados pela professora Sonia Seixas, são centrais na temática dos refugiados. Da mesma forma que há solicitantes de asilo que mentem para conseguirem se enquadrar nos pré-requisitos das legislações vigentes de forma a serem beneficiados, há aqueles que, vítimas de traumas diversos, não conseguem expressar seus sentimentos e por isto teem os seus pedidos negados. Uma investigação científica (BOGNER, BREWIN & HERLIHY, 2010) realizada em Londres, onde foram entrevistados 27 refugiados e solicitantes de asilo, dos quais 11 homens e 16 mulheres, todos traumatizados, mostrou as injustiças ocorridas frequentemente com pessoas como essas. A partir das conclusões a que chegaram, as investigadoras apresentam sugestões para que os mediadores possam melhorar as entrevistas realizadas no sentido de reduzir as injustiças cometidas. Um dos aspectos abordados diz respeito às mulheres. Segundo as investigadoras, devido a regras sociais de alguns países, as vítimas de estupro, tortura e violência sexual são estigmatizadas e sentem uma profunda vergonha pelo ocorrido . Portanto, essas mulheres nunca revelam, nas entrevistas de acolhimento para requerentes de asilo, traumas a esse respeito. Especialmente se as entrevistas forem realizadas por homens. (BOGNER, BREWIN & HERLIHY, 2010).
Uma grande contribuição para a ciência e para profissionais que trabalham com acolhimento de refugiados vem da investigadora, professora e antropóloga portuguesa Maria Cristina Santinho. A partir da investigação realizada com refugiados em Lisboa, que resultou em várias publicações, a pesquisadora aponta algumas falhas cometidas, especialmente por médicos que atendem essa comunidade. Segundo SANTINHO (2009), muitos refugiados vítimas de traumas, que necessitam de tratamento, renunciam ao prosseguimento com as consultas por “ausência de respostas terapêuticas adequadas”(SANTINHO, 2009, p.9). Para ela isto ocorre especialmente pela falta de formação específica por parte de psiquiatras e clínicos que atendem essas pessoas. Ainda de acordo com a investigadora, inexistem pontos de contacto entre paciente e médico ao nível lingüístico e cultural. Para que isto fosse possível, os profissionais deveriam ter domínio científico da Psiquiatria Transcultural ou da Etnopsicologia.
Referencias Bibliograficas:
BOGNER, BREWIN & HERLIHY (2010). Refugees’ Experiences of Home Office Interviews: a Qualitative Study on the Disclosure of Sensitive Personal Information. Journal of Ethnic and Migration Studies. Vol. 36, No.3, March 2010, pp. 519-535. DOI: 10.1080/13691830903368329.
SANTINHO, Maria Cristina (2009). Labirintos do trauma: a verbalização do sofrimento nos refugiados em Portugal. In: Os saberes da cura: Antropologia da doença e práticas terapêuticas. PUSSETI, Chiara e PEREIRA, Luís Silva (orgs). ISPA, Portugal.
Olá Denise;
Tem toda a razão e compartilho da sua opinião.
A professora Sónia levantou as questões do trauma e da resiliência e que são cada vez mais atuais, uma vez que o número de refugiados têm aumentado cada vez mais e estes encontram diariamente a sua vida ameaçada, por questões éticas, políticas, religiosas, entre outras.
A Mensagem do Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, Filippo Grandi vem demonstrar a importância da criação do Dia Mundial do Refugiado, a 20 de junho, para iluminar a coragem e a resiliência das famílias forçadas a fugir de guerras ou perseguições, para mostrar que o mundo está a tentar encontrar soluções para curar o trauma que os refugiados vivem diariamente.
Espero que isto conduza ao diálogo intercultural, o diálogo entre as culturas, entre as civilizações e entre as religiões é crucial para alcançar os objetivos fundamentais da Carta das Nações Unidas, para fazer respeitar os direitos humanos e para fomentar o desenvolvimento.
Obrigada pela sua partilha.
Carolina,
Ao falar das características culturais e educacionais de grande parte dos refugiados que chegam atualmente a Europa, destaco um trecho de uma entrevista concedida recentemente pelo grande pensador da atualidade, atualmente com 90 anos de idade, mas em plena atividade intelectual, Zygmunt Bauman:
Bauman talks about those facing the largest uncertainty in our time: the refugees fleeing war and seeking new to build new lives in Europe.
He says there is a "psychological explanation" for what he deems a nervous reaction in Europe to refugees coming to the EU.
"These people who are coming now are refugees not from people hungry, without bread and water. [They are] people who yesterday were proud of their homes, were proud of their position in society, were very often very well educated, very well-off and so on. But they are refugees now...
Refugees, he says, "embody all our fears" of losing everything. "Yesterday they were very powerful back in their country, like we are here [in Europe] today.
"I think the shock is only beginning," Bauman says.
Bauman sees both sides of the story. "Hospitality possibilities are not limitless. And the human ability to endure their suffering and rejection is not limitless either. So we have to exercise what is called empathy, but - and that's a big but - unfortunately, going through that, there is no shortcut solution ... dialogue is a long, long process. Coming to an understanding takes some time, the whole generation, even more than one generation, so we have to brace ourselves for a very difficult time coming."
He says: "You have to accept this is the situation. Let us come together and find a solution."
Zygmund Bauman é um pensador que é também uma referência para mim.
O sociólogo diz que os refugiados são "pessoas como nós que perderam tudo", "encarnam os nosso medos", mas "a possibilidade da hospitalidade não é ilimitada" e que "temos de exercitar a empatia e o diálogo".
Acolher com empatia e diálogo é desejável mas não me parece que seja a solução definitiva para resolver de raiz a situação dos refugiados.
Os Estados que perseguem alguns cidadãos, são Estados opressores e abusadores, têm a responsabilidade, o dever cívico e moral de exercerem a empatia e o diálogo, e de solucionar os conflitos que fazem com o que os refugiados sejam perseguidos e por isso tenham de abandonar os seus países.
Esses Estados devem ser responsabilizados criminalmente por perseguirem esses cidadãos.
Possuímos culturas, valores, religiões,... diferentes de quem procura em nós refúgio e apesar de o nosso lado consciente e até emocional nos levar a uma atitude humanitária, não é facilmente que nos separamos da nossa realidade para aceitar a realidade do outro.
Nas Escolas coloca-se a questão: Sendo a escola um local socializador com a função de preparar as crianças para o futuro expectável do País, quais são os limites na integração dos refugiados? Questiono quais os aspectos culturais que devem ser promovidos ou não?
A título de exemplo, falemos das mulheres:
Será ideal continuar a promover características culturais que coloquem a mulher num papel subserviente ao homem? "Escondida" do mundo exterior? De alguma forma, apagada?
Estas crianças irão crescer num país onde se espera que a mulher tenha um papel activo na sociedade, uma profissão, uma voz,... Será nosso dever aceitar o lugar que a sua cultura de origem lhes ditou, ou mostrar-lhes que não tem de ser assim?
Até onde podemos ir? Já que a tentativa de aculturar estas crianças poderá entrar em choque com as crenças familiares provocando angústias e até situações de conflito?
Penso que é muito complicado identificar os principais obstáculos à inclusão dos refugiados. Esta minha consideração parte da premissa de que todas as crianças/adultos não são iguais, cada um tem o seu ADN. É óbvio que existem fatores que, à partida, trazem consigo maiores adversidades. Muitos desses fatores já foram enunciados pelos colegas, tais como a barreira linguística, cultural, política, religiosa...
Na minha opinião, não existem medidas ou respostas mágicas. Penso que um ser humano que vem intitulado de "refugiado", primeiro que tudo, é alguém que tem expetativas, crenças, valores e opinião.
Desta forma opino que a primeira grande intervenção está relacionada como o interpretar quais são as expetativas de cada um que é obrigado a pedir "refugio" a um país que não é a sua pátria.
Por fim, e muitas vezes a maior dificuldade sentida, está relacionada com o enviesamento da nossa intervenção devido a falsas crenças e dificuldade em priorizar as necessidades mais latentes dos refugiados.
São estas pequenas sementes, como estes espaços de partilha, onde podemos ler e aprender com pessoas com muita experiência e sabedoria, que fazem cada vez mais sentido. É necessário dar visibilidade a boas práticas e partilhá-las com as ferramentas que estão ao nosso dispor nos dias de hoje.
Forte abraço,
Miguel Branco
Os refugidos para além disso são (1951): apátridas e desertores e “pessoas que se encontram fora do seu país por causa de fundado temor de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, opinião política ou participação em grupos sociais, e que não possa (ou não queira) voltar para casa."
"Posteriormente, definições mais amplas passaram a considerar como refugiados as pessoas obrigadas a deixar seu país devido a conflitos armados, violência generalizada e violação massiva dos direitos humanos." (Agência da ONU para Refugiados)
“Mas pessoas condenadas por qualquer crime devido ao seu activismo político – ou por razões éticas, raciais ou religiosas – podem ser consideradas refugiadas.” Uma mulher que não se conforma com restrições sociais pode requerer o status de refugiada? Sim. Esta discriminação poderá ter consequências prejudiciais significativas. Uma mulher que é atacada por se recusar a vestir roupa tradicional, ou porque deseja escolher o seu próprio marido e viver uma vida independente, pode atender às condições necessárias para se tornar uma refugiada.
Pode uma mulher requerer o status de refugiada por recear que ela ou uma filha venha a sofrer mutilações genitais, caso regressem ao país de origem? Sim.
Quem foge da guerra ou de situações relacionadas com ela, como a fome ou a falta de abrigo, pode ser considerado refugiado? Sim.
Quem teme perseguição devido à sua orientação sexual é elegível para o status de refugiado? Homossexuais e outras minorias sexuais podem ser elegíveis para o estatuto de refugiado com base em perseguição devida à pertença a um grupo social particular. É orientação do ACNUR considerar que devem ser reconhecidas como refugiadas as pessoas que estão sujeitas a ofensas, tratamentos desumanos ou a grave discriminação devido à sua homossexualidade e/ou orientação sexual e cujos governos não são capazes ou não as queiram proteger.
Como acolher (acolher é receber em nossa casa, país) cada um? Cada caso é um caso, as generalizações são apenas formulações téoricas, há que ir dando resposta as necessidades de quem (de cada um que) nos chega. Perguntar-lhes o que necessitam. Ter os sentidos alertas, sem preconceitos, sem pré- conceitos. Acolher é receber com um abraço. Acolher acontece quando o Outro também nos enriqueceu pela sua chegada.
O CCB-Centro Cultural de Belém levá-lo-á à tela no dia 14 de Novembro, às 20 horas, no Grande Auditório, seguido de debate entre o realizador Yann Arthus-Bertrande e Jorge Braga de Macedo, moderado por Pedro Rebelo de Sousa.
Este documentário trouxe-me à memória o modo como algumas tribos na província de Natal do Norte, na África do Sul, se cumprimentam, cito:
- Sawabona! [Saudação: Respeito-te, valorizo-te, és importante para mim!]
- Shikoba! [Resposta: Então, eu existo para ti!]
Não perdendo de vista este universo caleidoscópico em que nos inserimos e nos chega através do documentário HUMAN, talvez possamos compreender com maior acuidade as crises humanitárias.
As minhas saudações a todos os participantes neste forum!
PS.: O documentário HUMAN está disponível na internet:
Redes Sociais