Além de questões como educação e acolhimento fÃsico (em casas, doação de roupas, etc.), preocupa-me, numa primeira fase, o obstáculo da burocracia. Os requerimentos, os papéis, os processos junto das instituições competentes para viver, trabalhar, e estudar em Portugal e na União Europeia, que já são 'chinês' - se me permitem a expressão -, para quem fala português e viveu a vida toda em Portugal, imagino a confusão de quem acabou de chegar. Sinto que não há realmente uma tentativa por parte das instituições de chegar até à s pessoas.
Se me permitem, vou contar uma história...
Depois do 25 de Abril, quando recebemos muitas pessoas das ex-colónias portuguesas, uns amigos do meus avós vieram para Portugal. Eventualmente, foi necessário pedir uma pensão de invalidez para o pai da famÃlia, que tinha sido militar. Com a crise económica dos últimos anos, este pai teve que voltar a trabalhar com muito custo, e agora a segurança social pede-lhes que devolvam todo o dinheiro da pensão de invalidez, porque o senhor pelos vistos não era realmente inválido... Acontece que existe um requerimento para casos destes, só que eles não sabiam. Nem eu sabia.
O meu objectivo com esta intervenção é salientar a importância de uma abordagem concertada e sistemática à problemática dos refugiados na União Europeia e em Portugal, por parte do Governo. Além de casa, roupa, comida, educação, e apoio emocional, há que assegurar que estas pessoas têm um acompanhamento institucional... A minha sugestão é um gabinete dentro da Segurança Social, Autoridade Tributária, etc., mesmo dinamizado por ONGs ou IPSS, capazes de oferecer uma verdadeira assistência social a estas populações deslocalizadas, para evitar situações como a supramencionada.
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