Já dizia Augusto Cury (2014) que "Os sucessos e as crises, o céu e o inferno emocional fazem parte da formação da personalidade de todos os seres humanos."
Estamos perante um momento histórico único no que toca estarmos despertos para a alteridade numa atitude de aprendizagem e confiança...
Para além de todos os obstáculos encontrados à partida- no seu país- desde a mais crua privação de liberdade (de expressão, religiosa, de género, entre outras), às constantes ameaças (de guerra e na travessia encetada), culminando com a consequente fuga pela sobrevivência, os refugiados ainda encontram à chegada- num país estrangeiro- a barreira cultural, linguística e social em colisão com expetativas que consigo transportaram… e podem não corresponder ao previsto e ao imaginado…e aí começam outros obstáculos.
O fosso parece ser imenso… entre
- as expetativas de quem procura “refúgio” (de quem passou e continua a passar por desafios hercúleos, com repercussões físicas e psicológicas incomensuráveis)
e
- as crenças e mitos de quem se coloca na posição daquele que oferece refúgio, pois nem sempre “refugiar” significa “acolher” …
Acolher significa confiar, soltando as amarras do preconceito, do medo e do desconhecido. Correm-se RISCOS?
Correm-se sempre! Mas entre não acolher- por temermos os riscos que esse acolhimento possa trazer- e acolher com amor e genuína entrega ao outro, tentando perceber as razões da sua procura de refúgio, devemos ficar por esta última…
Já parámos para pensar quais as expetativas e ideias/crenças que os refugiados têm sobre nós, os Europeus?
Eles vêm em busca daquilo que lhes é
passado na comunicação social, nas redes, através dos políticos europeus…eles
vêm em busca de um povo evoluído que lhes garanta abertura de espírito, de condições
culturais de tolerância para com o que se apresenta proveniente de outros
contextos asfixiados e castradores …então, isto quer dizer o quê?
A Europa é vista
como esse local de oportunidade, de confluência, outrora atribuído a outro
continente, por razões semelhantes (ainda que epocalmente e contextualmente
diferentes?)?
A Europa apresenta-se afinal como o novo continente do “melting
pot”? Quais as consequências? E sobretudo,
quais as oportunidades?
Atendendo a que todos assistimos a um envelhecimento generalizado da população, a uma necessária reequacionação das ideologias europeias…não será esta “crise humanitária à escala mundial” afinal a alavanca de que a Europa necessita para reposicioná-la nos carris dos valores mais nobres… tolerância, solidariedade, e acima de tudo, acolhimento do que é a alteridade para, juntos, criarmos um ADN diferenciador, mas mais forte e imbuído de significado histórico-cultural?
A vida é feita de escolhas e o momento que atravessamos dá-nos a possibilidade de escolha: entre sermos meros espetadores passivos e sermos agentes e atores principais neste coliseu social…! Sejam muito bem-vindos ao mundo ilógico e fascinante das relações humanas e da ecologia emocional! Sejam bem-vindos à reescrita de uma nova estória e à construção de uma nova história!
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