Olá tod@s.
Atendendo à situação do Samu e de muitos outros refugiados penso que dois modelos se podem aplicar e complementar. Em concreto, numa primeira fase, o modelo de intervenção em crise; a vaga de refugiados na Europa é um acontecimento de grandes proporções que afeta a estabilidade social dos países que acolhem mas também dos refugiados que vivem momentos de grande dor, perda, tristeza e revolta, precisando de todo o apoio possível para refazer as suas vidas, são pessoas muito abaladas emocionalmente, perderam tudo, não tem documentos, alojamento, toda uma série de condições básicas à sobrevivência. Quando o Samu foi recolhido no mediterrâneo já estavam montados mecanismos para assegurar algumas necessidades básicas como comida, água e higiene, já em Itália foi encaminhado para o abrigo no Centro de acolhimento para recrutamento e asilo; não é claro na reportagem mas pela forma como o Samu adressa a dor e revolta que sentiu nos primeiros 6 meses, terá sido feito um trabalho relacional para o ajudar a lidar com os sentimentos e acompanhá-lo na formulação de um plano de ação para a sua vida, apoio social, aprendizagem da língua, educação, etc.
Depois de garantidas estas condições passar-se-ia para o modelo sistémico que, com um conjunto de práticas integradoras, acolhe os fenómenos não de forma individual mas focando-se na realidade dos problemas, das circunstâncias sociais, económicas, psicológicas, culturais e relacionais que estes englobam. A meu ver, a perspetiva não é apenas (re) integrar os refugiados na sociedade mas uma transformação da realidade conjunta. Este modelo implica um repensar das políticas, da educação e formação de cidadãos para uma mudança que é de todos e não apenas das partes. Um caminho a traçar…Boa noite a todos e a todas!
Sou muito grata pela grande oportunidade de aprendizado que este curso representa para mim. As partilhas de conteúdo das coordenadoras-professoras e dos colegas são uma mais-valia sem limites. Que excelente reportagem!!! completa, contextualizada, um verdadeiro convite ah reflexão. Traz um personagem, que humaniza o texto e nos permite uma maior aproximação com a problemática dos refugiados.
A situação dos países que recebem os migrantes forcados em grande escala, sem que tenham tido tempo suficiente para se organizarem, como eh o caso da Italia, conforme mostra a reportagem, não eh nada fácil. Por mais que se esforcem para acolher bem, sempre haverá insuficiências e falhas.
Se houver tempo, dinheiro e pessoal capacitado para tal, na minha opinião, deve-se aplicar como uma das metodologias possíveis, a RVCC - reconhecimento, validação e certificação de competencias. Para isto, será necessário dispor de mediadores sociais, com formações diversas (psicólogos, assistentes sociais, educadores, comunicadores sociais, psiquiatras, antropólogos, sociólogos, entre outros) que falem a língua dos refugiados e possam assim realizar diagnósticos por meio das historias de vida e promover o empoderamento dessas pessoas.
No entanto, a metodologia de intervenção AFIR (antecipar e avaliar, fomentar e formar, implicar e intervir, robustecer e divulgar) parece-me a mais completa, abrangente e adequada para o acolhimento dos refugiados, a sua integração da nova sociedade e o seu convívio como cidadãos plenos de direitos e deveres.
Não podendo deixar de concordar com a sua opinião parece-me que , talvez, iniciar por aplicar um diagnóstico social, poderia ser uma mais valia considerável.
Todo um trabalho de envolvência de toda a comunidade, de (in)formação de forma a sensibilizar consciências menos atentas para esta questão dos refugiados, promovendo uma verdadeira inclusão plena e onde todos possam exercer uma cidadania plena.
Todas as ações, nomeadamente videos como o que assitimos, podem ser válidas para que se consiga alnaçar novas metas e derrubar preconceitos.
estas acções (MOOC) são também experieências, para além de enriquecedoras, promotoras da reflexão e do pensamento critico que nos disperta o interesse e a predisposição para apoiar na mudança.
obrigada
Como acabei de referir na resposta à colega, concordo absolutamente consigo - sem diagnóstico não há boa intervenção. É claro que estamos a falar num processo de intervenção e numa equipa para o implementar. A cada um de nós individualmente cabe a responsabilidade da abertura, da aceitação, da não discriminação e, como refere, capacidade reflexiva e pensamento crítico são ingredientes necessários para efetivar a mudança!
Obrigada pela participação :)
PSS
Cara Denise
Obrigada pelas suas palavras. Para nós, equipa, é um privilégio poder contar com as vossas participações e partilhas. Saímos tod@s enriquecidos desta troca de ideias :)
A RVCC é sem dúvida uma estratégia que se pode usar - até porque muitos dos refugiados chegam sem documentação de qualquer espécie e isso não significa que não venham munidos de muitas competências e que precisam ser reconhecidas e validadas. Arriscaria a dizer que um diagnóstico de situação identificaria essa questão, sendo urgente encontrar formas de resolver esse problema com consequências em vários domínios (muito rapidamente, só parta apontar dois aspetos imediatos, as implicações que tem no acesso ao mercado de trabalho mas, também, a questão dos jovens em idade de frequentar o ensino superior mas sem poderem comprovar que têm as habilitações exigidas para ingressar neste nível de ensino).
Obrigada pela sua participação :)
PSS
Concordo com a colega!
A metodologia de intervenção AFIR parece ser mais completa. Também compreendo que para os países de entrada dos refugiados na Europa, seja difícil dar resposta a todas as solicitações devido ao elevado número de refugiados que recebem.
Os países que os acolhem na segunda fase tem tempo para se prepararem para os receberem. Daí terem tempo para usarem a metodologia mais indicada. O sucesso desta metodologia partirá das vontades dos países e das comunidades locais. Caberá ao Estado organizar equipas multidisciplinares que procederão à intervenção, mas caberá às comunidades locais incluir os refugiados no seu meio, transmitindo-lhes o sentimento de pertença.
Cara Carolina
Num primeiro momento é uma atuação em situação de crise, garantidas as necessidades básicas fundamentais muito mais há a fazer - como refere. E o modelo sistémico poderia constituir uma abordagem a seguir, sem dúvida.
Implica, no entanto (esse ou qualquer outro modelo), a realização de um mapeamento da situação e um diagnóstico não é dispensável. Temos de estar munidos de informação para podermos agir. E quem melhor sabe das suas necessidades e aspirações que não os próprios? A implicação de todos os envolvidos na construção de uma estratégia de ação é absolutamente incontornável. Não trabalhamos "para" as pessoas, trabalhamos "com" as pessoas.
Obrigada pela sua participação,
PSS
Boa noite a todos.
Tive oportunidade de ver a reportagem de Catarina Santos na Televisão na altura em que a reportagem foi emitida. Revi agora e revi novamente o olhar de Samu enquanto narrava como tinha conseguido chegar à Sicília. Muitas outras narrativas ficam para contar nas profundezas das águas do Mediterrâneo, onde milhares de migrantes morreram porque não queriam voltar. Nestas entrelinhas das narrativas de quem sobrevive e das que ouvimos da parte de diversos líderes de países que podiam ser parte da solução mas que insistem em alimentar o problema, deste terrível genocídio humanitário do Século XXI, faltam palavras construtivas, atos e práticas solidárias de acolhimento, de inclusão e de compromisso politico.
A aplicação "prete a porter" de modelos teóricos de intervenção social no apoio a pessoas como Samu, caem por terra sem a existência de uma prática social integrada e continuada, multifocada e sustentada, dando resposta ás necessidades dos sujeitos e das comunidades que procuram apoio em situações de vulnerabilidade. O trabalho desenvolvido pelos técnicos de intervenção social tem uma função reguladora fundamental na análise e avaliação das necessidades de sujeitos e de grupo, evitando e supervisionando situações de discriminação, desrespeito pelos direitos humano, económicos, sociais e culturais.
De 1992 a 1997 tive oportunidade de trabalhar com grupos minoritários étnicos em contexto de alfabetização e educação recorrente de adultos no ensino noturno. A metodologia de trabalho educativo e de intervenção sociocultural por mim adotada teve em conta o perfil dos formandos, o contexto urbano onde se encontravam e onde decorriam as aulas e aos conflitos que estes mesmos grupos geravam entre si e os restantes elementos de outros grupos que constituíam o grupo inicial de 26 elementos de ambos os sexos.
As aulas com duração de 2 horas e 30 minutos (entre as 20 h e as 22 h e 30 minutos) 5 dias por semana, requeriam da minha parte um esforço tridimensional, considerando a especificidade deste curso e o meu trabalho diário, desenvolvido em duas instituições diferentes. E, porque tinha sido um desafio que me fora lançado pela Autarquia e pelo Governo Civil (face aos insucessos verificados anteriormente, com o fecho destes cursos, o abandono quer de alunos quer dos docentes (pelos constantes conflitos existentes) que ocorriam antes do final do primeiro período, entendi que devia tentar aceitar aquele desafio.
Foram 5 anos de trabalho e de aprendizagens mútua, de colaboração e de descoberta, de respeito e de regras, de práticas alicerçadas no conhecimento individual e coletivo, de cultura, cidadania e integração e sobretudo de transformação. conflitos e consensos, histórias de vida e vidas aprisionadas e reféns da cultura secular, da discriminação e exclusão comunitária. Mais recentemente, de 2008 a 2014 tive oportunidade de estar à frente da Direção de uma IPSS de Utilidade Pública com 18 anos de existência, de média dimensão, como voluntário ao aceitar o desafio lançado por um meu ex. professor do então ensino primário e ex-autarca. Instituição que acolhe crianças e jovens em situação de acolhimento temporário, que desenvolve atividades de apoio domiciliário a idosos, que tem várias valências de centros de dia, de convívio, de atl´s, unidades de apoio ao emprego e á formação profissional, centros de apoio a jovens pais em risco de exclusão, a famílias de risco e em situação vulnerável, de formação e certificação de jovens e adultos e no acolhimento e apoio a comunidades migrantes (com significativa expressão nesta zona da margem sul do Tejo).
Um trabalho árduo, só possível com os restantes membros da direção, das equipas técnicas e dos operacionais e voluntários. Não por ser feito em regime de voluntariado e nem por ser o presidente da instituição, mas árduo pela conciliação que tive de realizar com a minha profissão e a formação que me encontrava a realizar. Mais árduo ainda pela situação de quase falência financeira em que a IPSS se encontrava.
Cumpridos que foram dois mandados ao serviço da instituição e com a mesma estabilizada social e financeiramente apta a continuar a cumprir a sua missão pedi para ser substituído. E fui dado lugar a uma Senhora, que um ano depois entrava para o atual governo como secretária de estado onde se mantém.
Eu continuo a minha caminhada, com os constantes desafios que o exercício da minha profissão me coloca, o exercício parental me põe à prova a cada dia que passa (tenho a minha filha internada na unidade de cuidados intensivos no Centro Hospitalar do Barreiro desde ontem após uma operação a um braço realizada ontem, braço que partiu ao cair quando entrava em casa com a minha ajuda na passada 3.ª feira). Depois de uma curta visita realizada esta tarde e ontem ao final do dia a sua situação está estabilizada (situação confirmada pela equipa médica) e talvez saia desta unidade segunda-feira para a unidade de ortopedia onde esteve 3 dias. E como não fala desde os 7 anos, tem falado com o olhar e ontem e hoje os seus olhos abriram levemente para me ver apesar de anestesiada e ligada a vários monitores.
Com os olhos, com as histórias de vida, com as aprendizagens teóricas e as práticas que vamos desenvolvendo modelos de intervenção social (com base nos fundamentos epistemológicos e éticos) nos diversos contextos diferenciados onde somos atores no trabalho com sujeitos e populações específicas gerindo e monitorizando percursos e resultados alcançados (ou não). A aposta nas relações humanas, no respeito pela singularidade de cada pessoa, no fortalecimento das redes sociais e familiares, na mobilização de recursos e de materiais disponíveis nas instituições e organizações educativas, culturais e sociais e pode constituir-se como um dos focos possíveis de entre outros, a serem trabalhados por todos na resolução de situações como as de Samu, como as de milhares de pessoas que se encontram na mesma situação de Samu.
Continuação de um bom final de noite.
Cumprimentos.
Carlos Silva
Bom dia
Peço desculpa por algumas falhas ortográficas e gramaticais que o texto que coloquei ontem perto das 00 horas neste fórum, contém. Tentei fazer a devida correcção mas já não foi possível.
Partilho convosco uma imagem e a legenda que a acompanha publicada no Twitter por um estudante de arquitectura, residente em Bombaim sobre a devastadora guerra que continua na cidade Síria de Alepo e sobre Direitos Humanos.
Na reportagem falava-se de Samu e do seu longo caminho até chegar à Sicília. De milhares de refugiados que diariamente continuam a fugir e a procurar quem os acolha na Europa.Das condições em que vivem e das dificuldades que sentem na pele e na alma em encontrarem resposta para a situação em que se encontram.
Questiono-me sobre o que faria, se esta cruel realidade atingisse o meu país. Preferia morrer no mar que voltar!
Continuação de um bom domingo.
Carlos Silva
Ao visionar esta reportagem consigo perceber que quem trabalha diretamente com estes grupos de pessoas, tem sido bastante resiliente e tem encontrado pela frente bastantes obstáculos pela frente. A narrativa de Samu é bastante realista e revelador de uma história cheia de luta e contrariedades. Acredito que muitas outras ficam por contar. Esta não é mais uma. É uma história ondem podemos perceber que os modelos são importantes, mas não fecham as “histórias”. Na minha perspetiva e concordando com a escrita do colega Carlos, “faltam palavras construtivas, atos e práticas solidárias de acolhimento, de inclusão e de compromisso politico”.
A metodologia de intervenção AFIR parece ser mais completa, no entanto, no meu entender, não há modelos únicos de intervenção social, sendo necessário fazer um bom diagnóstico social e tentar enquadrar o modelo à realidade de quem recebe e de quem é recebido.
Obrigado,
Miguel Branco
Caro Carlos
Muito obrigada por partilhar connosco a sua experiência de terreno. O Carlos, fruto da sua experiência e conhecimentos, traz sempre contributos muito enriquecedores e é um gosto receber as suas partilhas.
Não existem soluções milagrosas prontas a aplicar... por isso o mote deste Módulo foi "conhecer para agir" e por isso se apresenta uma metodologia de intervenção que recobre um conjunto de princípios fundamentais a qualquer intervenção. Como bem diz, e cito-o, "Com os olhos, com as histórias de vida, com as aprendizagens teóricas e as práticas que vamos desenvolvendo modelos de intervenção social (com base nos fundamentos epistemológicos e éticos) nos diversos contextos diferenciados onde somos atores no trabalho com sujeitos e populações específicas gerindo e monitorizando percursos e resultados alcançados (ou não)".
No final, o resultado poderá ser (às vezes não é, ou é outra coisa, ou para ser implica redefinição ao longo do percurso...) a autonomização que é, para mim, a finalidade máxima de qualquer intervenção.
Desejo que continue a fazer o excelente trabalho que reporta na sua participação e que de alguma forma este MOOC e este Módulo possam ter contribuído positivamente para a sua ação.
Do ponto de vista pessoal, faço votos de uma rápida recuperação para a sua filha e que mantenha sempre a serenidade para responder aos desafios com que se vai defrontando.
Obrigada por ter estado connosco,
PSS
Boa noite cara Professora Perpétua Silva
Obrigado pelas palavras que teve a gentileza de me dirigir. Obrigado também aos restantes docentes e colegas pela partilha de saberes e de conteúdos, pelas reflexões, questões e propostas de intervenção social que ao longo do curso foram colocando neste Fórum.
Obrigado também à organização do curso e ao IPS. Acredito que em acções e práticas futuras quer no Instituto Politécnico de Santarém, quer noutras instituições académicas e noutros contextos de formação formal ou informal, quer também no desenvolvimento da minha actividade profissional, preferirei sempre voltar do que morrer no mar.
Voltar no sentido de agir, mudar, transformar, libertar e sobretudo autonomizar, como refere a Srª. Professora Perpétua Silva, porque só a autonomia de cada sujeito pode gerar a sua inserção na comunidade, o seu desenvolvimento social, comunitário e económico, enquanto cidadão de pleno direito, no país que o acolhe.
Com todos os recursos materiais e humanos que o curso nos facultou e com os que os colegas foram facultando ao longo deste tempo, certamente que seremos actores mais atentos e interventivos. Continuação de bom trabalho.Obrigado.
Agradeço o acolhimento recebido.
Cumprimentos,
Carlos Silva
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