Antes de mais, gostaria de expressar a minha angústia, tristeza, revolta, sabendo que este é a realidade do nosso mundo, o dia-a-dia de inúmeras pessoas ….Como Samu referiu ”desde que nasci, e toda a minha tive dois momentos, duas situações que me deixam muito, muito triste, aquele dia (que embarcou no barco de borracha, em fuga, em busca duma vida melhor) e outro, mas esse é privado.” As marcas desta fuga são profundas e eternas, nunca se apagarão, talvez sonhadora, mas a meu ver, as metodologias, antes de mais, deveriam ser preventivas, antecipar e avaliar as situações e providenciar a devida ajuda para se tentar evitar este tipo de soluções extremas! Os países de acolhimento tentam dar as respostas o mais rápido que conseguem, que podem de modo a suprimir as necessidades básicas (alimentação, saúde, habitação, etc.) destas populações, contudo e infelizmente nem sempre é feito da forma mais eficaz, nomeadamente a demora na entrega dos documentos, a autonomização dos indivíduos/famílias, etc.
Neste caso concreto, e como já foi referido em inúmeros comentários, usaria uma combinação de diversos modelos: o modelo psicodinâmico – modelo psicossocial; o modelo sistémico, o modelo de intervenção em crise e o modelo centrado na tarefa.
O Modelo Psicossocial destina-se a indivíduos que manifestem problemas internos devido a dificuldades do seu funcionamento psíquico e na relação dos sistemas, encerrando como princípios orientadores: os aspectos psicológicos e sociais que comportam cada caso e concedendo uma enorme projecção ao diagnóstico (os dados que ele fornece tanto sobre a pessoa como dos seus problemas). O Modelo Sistémico destina-se a situações onde está patente uma patologia ou uma dificuldade na relação que deriva da deficiente comunicação entre os diferentes sistemas, ou numa má adaptação entre o sujeito e o ambiente, e assenta no princípio básico em que todos os indivíduos estão interrelacionados num conjunto de sistemas naturais (família e amigos) formais (grupos comunitários, trabalho, comunidade) e cujo objectivo é promover uma relação positiva e benéfica entre os diferentes sistemas. O Modelo de Intervenção em Crise que tem como principal objectivo o restabelecimento do funcionamento social e a estimulação da capacidade adaptativa dos sujeitos a situações de crise. O Modelo Centrado na Tarefa oferece uma solução para o problema identificado de forma prática, rápida e eficaz, terão de estar reunidas as seguintes condições: 1º o problema de intervenção tem que se encontrar isolado, bem limitado e conciso; 2º o indivíduo em causa, alvo da intervenção, tem que reconhecer explicitamente a situação a intervir como um problema e desejar a sua resolução; 3º o problema tem que ser acessível à acção do indivíduo.
Nestas situações o Trabalho de Intervenção Social tem um papel essencial/primordial, uma vez que trabalha em parceria com os diferentes técnicos nas diferentes áreas.
Os passos a dar para este plano de intervenção seriam: Pré diagnóstico e consequentemente Diagnóstico, através de entrevistas, observação directa, análise documental, questionários, análise SWOT, entre outras metodologias de diagnóstico, seguidamente de um Plano de Desenvolvimento Social que é um plano estratégico onde se definem as estratégias a adoptar e os seus objectivos, e como último passo o Plano de Acção que terá de ser exequível, e deverão constar os seguintes pontos: eixo de desenvolvimento (coincidente com os eixos do plano de desenvolvimento social), projecto, objectivos (estratégicos e específicos) e por fim os resultados.
A metodologia de intervenção “AFIR” poderia ser uma possível resposta para a inclusão de refugiados em Portugal, os seus princípios de acção parecem-me exequíveis, lógicos e coerentes, atendendo às necessidades destes indivíduos. Contudo este processo de acolhimento e inclusão de refugiados é algo complexo que exige esforços acrescidos, trabalho de parceria de variados técnicos de diferentes áreas tendo de ser algo muito bem organizado e estruturado de modo a ser eficaz!
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